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EDITORIAL: Morosidade que custa caro

A tragédia que ceifou a vida de Nelson precipitou uma providência que deveria ser pensada há tempos

No fim da tarde de quinta-feira, Três Lagoas perdeu um cidadão prestante, velho morador da cidade e que durante muitos anos prestou relevantes serviços para proprietários de aviões dando manutenção em aeronaves para que voassem seguras com seus pilotos. Nelson Bürgel, mecânico de avião, aos 86 anos, foi vítima de um acidente de trânsito no cruzamento da rodovia BR-158 no entroncamento da avenida Marcolino Carlos de Souza, que dá acesso ao Aeroporto Municipal Plínio Alarcon com a avenida Antônio Trajano. Nelson saía do trabalho quando, ao tentar cruzar a rodovia, foi colhido por um caminhão que trafegava na rodovia quando seguia seu destino para Brasilândia. Pode se dizer que foi uma fatalidade.  Entretanto, essa tragédia, assim como outras cinco registradas no mesmo local e que fez vítimas como Nelson, poderia ser evitada. Há meses, o Jornal do Povo vem alertando as autoridades competentes para o risco existente de mais acidentes naquele cruzamento. Até o Ministério Público Federal interviu para que fosse mais sinalizado o cruzamento. Pena que a advertência chegou tarde, e  infelizmente, aumentou a estatística de número de mortes no local.

Trata-se de uma rodovia federal, que passa no meio de um caminho de que interliga a cidade ao aeroporto. A falta de sinalização suficiente para alertar quem trafega pela BR 158 como aqueles que cruzam as duas avenidas, inquestionavelmente, causou os graves acidentes que testemunhamos.  O Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (DNIT) bem que tentou executar a construção de uma rotatória através de empresa contratada para dar manutenção no trecho da rodovia que liga Três Lagoas até Cassilândia. Mas, essa empresa desistiu do contrato e não executou o projeto.

A rescisão do contrato da empresa com o Dnit além atrasar o encaminhamento burocrático para a construção da rotatória, obriga a abertura de novo processo licitatório para a sua execução.  O Dnit pela sua representação local deu inúmeras demonstrações   de ver solucionado este problema que se tornou mais do que grave para a cidade. Esbarra no excesso de burocracia, pois serão necessários, no mínimo, mais 60 a 90 dias para que a nova licitação seja aberta e julgada. Para agravar essa questão, o governo federal não está liberando recursos para novas obras diante da crise econômica nacional instalada. Enquanto isso, os dias passam e mais vidas correm risco de morte por acidente. O aeroporto municipal de Três Lagoas que opera voos comerciais desde 2013 contribuiu para aumentar o fluxo de veículos naquela região. A prefeitura constatou essa situação, mas não adotou providência para melhor a segurança no trânsito naquele cruzamento fatídico, onde seis vidas foram ceifadas. O Dnit já alertou a prefeitura, que mesmo sendo construída a rotatória, as ruas secundárias e paralelas à rodovia terão que ser asfaltadas por sua conta, uma vez que a legislação não permite que o departamento asfalte ruas dentro do perímetro urbano da cidade. Portanto, mesmo construída a rotatória a prefeitura terá que investir nesta via de acesso asfaltando ruas secundárias desde a rotatória da avenida Filinto Muller até um pouco mais adiante, ou seja, na exata extensão do contorno para se ultrapassar a BR-158 e se ter acesso à avenida Marcolino Carlos de Souza, que dá acesso ao aeroporto municipal.     

A tragédia que ceifou a vida de Nelson precipitou uma providência que deveria ser pensada há tempos. Mas, antes tarde do que nunca, pelo menos, evitar-se-á mais mortes. A Secretaria Municipal de Trânsito e o DNIT reuniram-se, ontem, sexta-feira, e deliberaram pela instalação de dois quebra-molas na pista da rodovia BR-158. Esses redutores de velocidade deverão ser mantidos até que seja implantada a rotatória nessa rodovia federal.

Essa situação retrata um dos problemas crônicos de todo o país: a falta de planejamento. Toda e qualquer decisão, pensada e refletida, certamente, evita dano. No caso da rotatória do aeroporto, se simultaneamente à sua construção tivessem previsto a sua construção, é mais do que certo que hoje não estaríamos lamentando tantas vidas que ali se perderam.