Veículos de Comunicação

Opinião

EDITORIAL: Programa Eleitoral

Propaganda eleitoral no Brasil tem um formato inédito

 

A cada eleição verifica-se que quantos mais partidos se coligam mais tempo de televisão e rádio, o partido que lidera a Coligação obtém mais tempo para utilizar o horário destinado a propaganda eleitoral de seus candidatos. Como no Brasil existem trinta e cinco partidos políticos é certo que os que mais se juntam  conseguem mais tempo para apresentar suas plataformas como é no caso dos candidatos que disputam o poder Executivo. Candidatos, que disputam eleições proporcionais, estão submetidos a uma situação quase que constrangedora, porque ficam limitados a informar os seus nomes e números. Esse critério engessa a apresentação de programas e propostas de mudanças, sejam elas  de governo ou de conduta. Nenhum candidato tem chance neste processo para aprofundar a discussão democrática sobre os mais diversos assuntos que afligem tanto o governo, como o povo. Aliás, na maioria das vezes, um grande contingente de eleitos, esquece que foram eleitos para trabalhar e defender os interesses daqueles que os elegeram. O fato é que a propaganda eleitoral no Brasil tem um formato inédito em relação a todos os demais países democráticos. Este horário está disponibilizado no rádio e na televisão por força de lei para os partidos políticos. Essa determinação da legislação difere das leis de outros países, onde o candidato que mais dispõe de recursos compra o tanto de tempo que pode utilizar no rádio e na televisão. Ninguém duvida que no Brasil os programas eleitorais quase nada contribuem na construção de candidaturas. Seja pela limitação tempo imposta aos que não conseguem aglutinar considerável número de partidos para se coligar, seja pela forma de como as propostas são veiculadas, as quais pouco contribuem para o discernimento do eleitor no instante de efetivamente fazer a escolha em qual candidato irá votar. As grandes redes de comunicação, principalmente a televisão, nestas eleições promoveram  debates com todos os candidatos à presidência da República e aos governos estaduais. Embora, essa contribuição seja muito importante, mas, considerando-se número de candidatos com chances de eleição na disputa, é certo que aqueles candidatos que não têm perspectivas no pleito, acabam por consumir esse tempo valioso do debate. Comprometem com suas participações a utilização desse espaço de  tempo no programa para a defesa de ideias e apresentação de programa de governo. Enfim, o eleitor fica limitado a poucas propostas e praticamente vinculado a simpatia de cada candidato pretendente ao cargo disputado. Isso tudo, sem contar, que o candidato à reeleição, leva vantagem dentro deste processo, porque, invariavelmente, defende ações concretas que estão em curso e que acabam por privilegiá-lo, porque utiliza a ação de governo como um anzol para continuar fisgando o seu eleitor, o qual, muito das vezes beneficiário de um programa de governo em curso. Portanto, desta eleição duas lições se aproveitam para o futuro. A primeira é a de que o Brasil não tem cultura para vivenciar o processo eleitoral que consagra a permissão para se disputar a reeleição. E, a segunda, é que o horário eleitoral da forma que está concebido, além de enfadonho é pouco atraente. Disponibilizar horário para entrevistas com perguntas e respostas seria uma grande providência que se aproveitaria ao aperfeiçoamento da democracia. O fato é que o horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão do jeito que está concebido em nada contribui para o eleitor fazer a melhor escolha.