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Editorial: Três Lagoas, um século de história

Cidade ainda convive com a esperança da retomada das obras da fábrica de fertilizantes da Petrobras

Três Lagoas completou, ontem, seus 100 anos de emancipação política e administrativa. A cidade, que nasceu na busca por campos para a pecuária, e cresceu com a chegada dos trilhos da antiga estrada de ferro Noroeste do Brasil, hoje se desponta como um dos principais centros industriais do país.

Nesses 100 anos, seus moradores viram a cidade ser transformada de pacata, ainda movida economicamente pela pecuária, para uma cidade, ainda pequena, mas com ritmo de grande, industrializada, importante para todo o Brasil. Hoje, estão em Três Lagoas duas importantes usinas geradoras de energia, a Hidrelétrica de Jupiá e a Termelétrica Luiz Carlos Prestes.  São mais de 50 unidades industriais de todos os portes, destoando-se, entre elas, as gigantes da celulose Fibria e Eldorado Brasil, além de InternationalPaper e Cargill.

Foi um caminho árduo percorrido para chegarmos até onde chegamos. Mas, este é só o começo. Em um ano em que o Brasil enfrenta uma dura recessão, Três Lagoas pode comemorar o fato de estar na contramão. Depois de um período tenso, de estagnação da econômica com a paralisação das obras da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN-3), a cidade comemora o início das obras de ampliação das duas principais fábricas de celulose. A pedra fundamental da Eldorado Brasil foi lançada ontem. Hoje, a Fibria, mais discreta, dá início ao trabalho de terraplanagem também para a expansão de sua unidade. Ao todo, são quase R$ 16 milhões em investimentos. E a cidade ainda convive com a esperança da retomada das obras da fábrica de fertilizantes da Petrobras, que irá reduzir a dependência nacional.

No entanto, se, economicamente falando, a cidade vive o seu segundo “boom” de desenvolvimento, no lado social e de infraestrutura, ainda há muito o que se fazer. Três Lagoas é uma das cidades que mais cresce em todo o Estado. Segundo a contagem mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2013 para 2014, o número de habitantes saiu de 109 mil moradores para 111 mil habitantes.

É notório que, comparado a 2008, quando da construção do complexo de papel e celulose, houveram muitos avanços. No entanto, Três Lagoas pode enfrentar grandes novos problemas com a duplicação de duas grandes indústrias, que podem acontecer ao mesmo tempo.

Além disso, a cidade, embora com tantas arrecadações, ainda carece de infraestrutura básica, como saneamento e pavimentação asfáltica, esta última a mais pedida pela população. A expectativa é que, agora, com os recursos mitigatórios novas obras sejam lançadas, uma vez que, afetada pelos cortes do governo federal, a cidade sozinha não tem conseguido realizar grandes obras.

Muitos avanços foram registrados. A cidade saltou de 13% de ruas asfaltadas para quase 50%. Os espaços vazios também reduziram. Mas ainda é pouco para uma cidade que leva o título de Capital Mundial da Celulose.

Na área da saúde, também tivemos avanços, apesar de ser esta ainda uma reivindicação ainda forte. Essa situação deverá ser amenizada quando entrar em funcionamento o Hospital Regional. A ordem de serviço para o início das obras estava prevista para ser assinada ontem, durante as comemorações de aniversário da cidade, mas tiveram que ser adiadas pelo governo Estadual. O governador Reinaldo Azambuja prometeu retornar a Três Lagoas dentro de dez dias para dar início a esse investimento milionário.

Por sinal, sem a autorização da construção do hospital, as comemorações do centenário de Três Lagoas passaram de mornas para quase nulas. Salvas pelo desfile cívico dos 100 anos, que contou lindamente a história de Três Lagoas. Não desmerecendo o desfile e seus participantes, que tanto trabalharam para embelezar a data e trazer cultura para a população, mas Três Lagoas merecia mais, muito mais.