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Gestão pública com qualidade

Lembro-me de meus tempos de criança (e lá se vão sete décadas) quando observava minha irmã Elza com suas amigas se entretendo com aquela ingênua brincadeira do “bem me quer, mal me quer”, arrancando pétalas das rosas do jardim de nossa Mãe.
Na recordação de um passado quando nele se vivia uma infantilidade feliz, sem outros compromissos a não ser de brincar intensamente, dei-me com o presente, dias de preocupações diante de um futuro tão previsto como preocupante. Se a preocupação quanto à nossa existência é real, inescusável, não há como não aceitá-la e para ela se preparar  – entendo com espírito cristão. Há, porém, outras preocupações, estas derivadas de nossa condição de cidadania, sobretudo, e que depende de nossa ação.
Quando penso de nossos deveres para com a Pátria – natural derivação de nossa cidadania – também me preocupo, e como. Ainda a pouco, lendo um artigo escrito pelo sociólogo Fernando Henrique Cardoso, sob o título “Cara ou Coroa” (Estadão, 01.08.10) há um acentuado alerta para a escolha do futuro dirigente maior do País. Segundo FHC “Há argumentos para defender qualquer dos dois (referia-se a Serra e Dilma). Mas que não são a mesma coisa, não são. E não porque num governo haverá fartura e noutro, escassez, para pobres e ricos. E sim porque num haverá mais transparência e liberdade que no outro. Menos controle policialesco; menos ingerência de forças partidário-sindicais. E menos corrupção, que mais que um propósito, é uma conseqüência”, finalizou o preclaro homem público. Mais claro recado impossível para todos os que sabem ler na clareza e nas entrelinhas.
No debate televisivo patrocinado pela TV Bandeirantes, na semana passada, podia-se perceber quem o mais preparado para comandar o futuro do Brasil, tal o adamantino de suas ideias e propósitos que se fundamentam numa experiência de lutas políticas de profundas raízes democráticas, lastro em frutíferas atividades como parlamentar, secretário de estado, ministro, prefeito e governador, sempre louvado como irreprochável homem público. 
Cabe, em suma, a cada um de nós, eleitor, o direito inalienável da escolha. Que esta seja pelo impulso de uma consciência cidadã, e não de corrente de um ato ingênuo ditado pelos que atualmente gozam do poder nacional e que maquiavelicamente querem impor o dito “entre nós e eles”, ou seja, entre o “mal me quer e o bem me quer” (pela ordem da locução). É o futuro próximo do Brasil que será decidido pela soberania de nossa consciência.
O debate pela TV Bandeirantes, sem dúvida foi auspicioso pelos temas que foram abordados pelos candidatos. Mas, foi restritivo. De minha parte gostaria que, nele, fossem abordadas questões relativas as das reformas político-partidárias e eleitoral; da reforma tributária e do pacto federativo, absolutamente essenciais para a tranqüilidade da sociedade brasileira. 

Ruben Figueiró foi deputado estadual, federal, constituinte em 88, secretário de Estado e conselheiro do TC-MS. É suplente de senador