Veículos de Comunicação

Opinião

Ira nossa de cada dia...Rogai por nós e Nosso Pai

Nos dias atuais, nota-se a falta da paciência e da tolerância para tudo

* Por Dayanne Mamede Fonseca Matsumoto

 

Socorrei-me, Senhor! Protegei-me, Senhor! Estes são tão somente gritos de desespero. Gritos visando dizer “não” ao pecado da Ira.

De fato, jamais podemos, queremos ou devemos conservar para nós um sentimento impuro e impróprio. A ira é considerada um dos sete pecados capitais, que, em meu entender, dependendo do grau, se torna um grave pecado mortal. Sêneca já dizia que: “Uma ira desmedida acaba em loucura; por isso, evita a ira, para conservares não apenas o domínio de ti mesmo, mas também a tua própria saúde”.

Nos dias atuais, nota-se a falta da paciência e da tolerância para tudo (aqui generalizo), porém, na carência de tais virtudes, deveria prevalecer o bom-senso, a educação e o respeito ao próximo para cada ação vivenciada.

Em pauta, a ira habita nosso cotidiano e gera chateações, já que, por diversas vezes, esse sentimento faz que “percamos a cabeça” – e os pés saem do chão, deixando a razão virar impulsão. A sensação que tenho é que, com o passar do tempo, estamos perdendo mais tempo com incômodos, o que não nos permite ter momentos de felicidade.

Carlos Drummond de Andrade já dizia: “Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade”. Mas e ser infeliz porque não nos permitem tal sentimento? Seria tão simples ter uma vida leve e tranquila, todavia, como tudo na vida tem seu preço, parece que muitos nasceram para ser “cobradores do além”, que vêm camuflados de chateadores, impulsionando o pecado da Ira.

Observo ainda que, a todo amanhecer, quando me levanto, escuto algo me chamar: “Toc..toc…toc… sou eu, a Ira… Abra a mente e me receba.” A premissa, neste caso, é não dar brecha ao inimigo. Então, eu me fecho e digo “Não!”, em claro, alto e bom tom. Mas as chateações ganham força e forma. A Ira se reconfigura de maneira sarcástica e diz: “Eu falei para me receber; mal sabia você que tão logo iria me usar”.

Curiosamente, quase todos os dias, acontece algo para a tal chateação emergir: problemas no abastecimento de água; contas atrasadas chegando pelos correios sem explicação; tarifas indevidas sendo cobradas; ruas e estradas esburacadas; mercadorias não encontradas nos supermercados ou com qualidade duvidosa e preços elevados; filas nos bancos; internet que não funciona; incômodo com colegas de trabalho; problemas familiares; conflitos de pensamento e ação entre colaborador e empregador; fofocas, entre tantos outros.

São diversas as situações que nos poderiam levar ao caminho do pecado da Ira, seja ela leve ou grave, e, se fosse enumerá-las, faltariam linhas, folhas ou mesmo caracteres, pois argumentos para o assunto não faltam.

Chega a ser irônico, mas é a realidade: a Ira parece não tem fim; nascemos e morremos com ela dentro de nós. Maldita seja!

Quando imagino que o dia começa tão cedo e termina tão tarde e, nesse meio tempo acontecem tantas cóleras pelo dia, digo que este termina “em tons de cinza”, um tanto quanto sombrio e nebuloso.

Por fim, engana-se quem acha que isso é ficção ou “coisa de religião”. Não! É apenas um drama da vida real!

 

* Dayanne Mamede Fonseca Matsumoto é acadêmica do curso de Direito da Faculdade de Presidente Epitácio (Grupo UNIESP S/A)