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O caminho para mais empregos

Leia o editorial do Jornal do Povo, publicado na edição deste sábado

Reportagem produzida para esta edição do Jornal do Povo sobre o aumento do volume de exportações de empresas três-lagoenses em setembro mostra, além de números, no Norte da criação dos empregos que o Brasil precisa: o da industrialização. O aumento de 15% no faturamento e no embarque de papel e celulose para todos os continentes, especialmente para os 10 países do bloco asiático, aponta para o caminho em que a cidade permanecerá por décadas como geradora de empregos e de riquezas. 

Os números do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio são animadores olhados por todos os ângulos. À frente, o volume vendido, o total de dólares gerados, a conquista de novos mercados. No centro disto, a produção que sai das fábricas de Três Lagoas. Na retaguarda, milhares de empregos gerados e mantidos direta e indiretamente.

A conquista do mercado asiático é o fator que, hoje, faz brilhar a luz verde para as indústrias. Uma delas, inclusive, anunciou o astronômico lucro de R$ 1,2 bilhão de janeiro a setembro deste ano, com o que economistas se habituaram chamar de EBTIDA – lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização. Mais ou menos como lucro líquido, para simplificar.

Num cenário nacional em que quase 12 milhões de pessoas perambulam atrás de emprego, 25 mil CNPJs são cancelados ou suspensos, o número de pedidos de recuperação judicial, falências e ajuizamento de dívidas  cresce 20% em seis meses, há muito o que se comemorar. Enquanto o mundo desaba no país, em Três Lagoas o “horizonte” é de “vanguarda”.

Mais animador, ainda, é que a cidade terá o dobro de produção de celulose e de papel em dois ou três anos, podendo abrir mais mercados e fornecer a países que ainda não são fregueses de brasileiros – algo que se superará em pouco tempo, numa disputa de empresas gigantes.

Sabe o que isto significa? Sem nenhuma margem de erro, significa que Três Lagoas será, em pouco tempo, como São Bernardo do Campo (SP), Ipatinga (MG), Resende (RJ), São José dos Pinhais (PR) ou ainda Campinas e Guarulhos (SP) em termos de importância econômica, tecnológica e de atração de investimentos.

Nos exemplos, a previsão é de que a cidade não terá outro caminho se não o de gerar empregos em torno da industrialização e não apenas no da cadeia do papel e celulose. Há outros a caminho, como também São Bernardo do Campo não gera empregos apenas para a metalurgia e a Região Metropolitana de Campinas não sobrevive, há anos, não apenas da indústria tecelã.

Esta capacidade de gerar empregos que Três Lagoas possui por meio da transformação de eucalipto em papel e celulose é, também sem margem de erro, o embrião de sua vocação mais forte. A industrialização, como se vê, é caminho sem volta. 

Em posição paralela a isto, o poder público não pode ficar esperando as coisas acontecerem por mais naturais que sejam nem ficar na arquibancada do desenvolvimento, como espectador. Seu papel na ampliação do parque industrial é importante porque inclui a situação do cidadão comum no cenário. É para ele que esta industrialização deve convergir, na confluência da geração de empregos e de qualidade de vida – algo que, até hoje, foi muito pouco cobrado de governantes locais. A prova disso é o atraso da malha viária, o déficit habitacional e a precariedade de serviços essenciais. O caminho do emprego deve ser, portanto, o mesmo do poder público.