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Editorial

O dilema das ruas esburacadas

Leia o editorial do Jornal do Povo, publicado na edição deste sábado

Não há, sem dúvida, um motorista sequer, em Três Lagoas, que não tenha caído com seu veículo em um buraco nas ruas e avenidas da cidade, nos últimos meses, e que não tenha se intrigado com a situação do asfalto. O que há até pouco tempo seria culpa apenas da chuva e da falta de manutenção, agora também é do progresso e da correção de antigos erros. Essa buraqueira “nova” é resultado da instalação de redes de água e esgoto em bairros novos e em antigas áreas da cidade que ainda não dispunham de  sistema coletor. Preço do desenvolvimento, excesso de crescimento ou falta de planejamento. E também desleixo.

Não há o que se discutir quanto à necessidade de expansão das redes de saneamento. O crescimento da cidade exige que a distribuição de água, coleta e tratamento de esgoto sejam compatíveis. Mas, a que custo? O da destruição do asfalto? 

O que se vê nos últimos meses são atitudes que beiram a irresponsabilidade na conservação das vias para a instalação, também, de redes de telefonia e dados. Por exemplo, o recente recapeamento da avenida Eloy Chaves já sofre com a abertura de buracos para a expansão de linhas de fibra óptica para dados e telefone. Cabines enterradas foram construídas no cruzamento de vários pontos da avenida, numa claríssima falta de planejamento. O abandono de espaços usados para estacionamento de carros em 45 graus, que não foram recapeados, é outra prova de que algo não foi planejado como deveria. 

Mas, o ponto mais grave é a qualidade dos reparos no asfalto ondem foram instaladas redes de esgoto, nos bairros Vila Nova e Interlagos. Uma empreiteira contratada pela estatal de saneamento, a Sanesul, deixa valas abertas por semanas, meses, até ser acossada a corrigir o pavimento. E quando o faz, utiliza materiais incompatíveis com a necessidade e apenas cobre os buracos com massa fria. E não é preciso conhecimento de engenharia para saber que não é o ideal e que em pouco tempo estará novamente esburacado.

À imprensa, a Sanesul diz que não tem responsabilidade sobre as obras porque o contrato com a empreiteira é resultado de projeto do governo federal, como se a expansão das redes não fosse para seu próprio benefício.

Se Três Lagoas já sofria com seu crescimento acima da média, nos últimos 10 anos, agora também padece pela execução de serviços públicos aquém do necessário, de baixa qualidade, e comprova que sobre pelo dilema entre ser uma cidade que tem potencial para se desenvolver ainda mais e um lugar onde crescer se transforma mais em problema que benefícios.