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O ? Efeito Tiririca? No Congresso Nacional

Maluf ou Tiririca?  O primeiro na busca da manutenção da imunidade que lhe protege das acusações de lesar os cofres públicos. O segundo, na garupa da fama artística, tenta o espaço com objetivos ainda imprecisos, vendendo a imagem de neófito ingênuo com seus bordões no horário eleitoral.
Mas a aceitação espantosa de Tiririca nas pesquisas não é obra do acaso. É a vingança irônica natural do eleitor debochado e decepcionado com a postura dos políticos, sobretudo dos congressistas. Se no passado, Juruna, Agnaldo Timóteo e Clodovil foram prestigiados por esse tipo de eleitor, agora é a vez dele (Tiririca), embora “garanta não saber o que faz um deputado federal”.
 Aliás, nesta mesma esteira, figuram Ronaldo Esper, Batoré, Maguila, Marcelinho Carioca e Sergio Reis – sem credenciais – mas com o mesmo discurso ensaiado que aproveita o descrédito da classe política profissional.
Quando Tiririca afirma ser impossível piorar o nível atual do congresso, está simplesmente avalizando aquilo que é consenso na opinião pública, horrorizada e enojada até com a sucessão de escândalos divulgados na mídia. Mas em que pese a ousadia da empreitada do humorista, lamentavelmente não vemos muitas chances dele sobreviver com êxito naquela “selva congressual”. 
A explicação para nossos prognósticos repousa nas regras de conduta que regerão o Congresso à partir de 2011. Segundo decisão do STF em 2007, na nova legislatura o mandato não será do parlamentar, mas sim do seu partido. Prevalecerá a orientação partidária na hora de se votar. Só em casos de autorização individual ou não fechamento de questão, o parlamentar poderá votar diferente do que decidir o partido.   Se o parlamentar desobedecer estará sujeito a advertência, suspensão e até a destituição do mandato.
Amordaçado diante das novas regras do Congresso, Tiririca corre sério risco de sucumbir literalmente com a bolinha vermelha no nariz, decepcionando seus  eleitores, enquanto a elite partidária (situação e oposição) continuará navegando nas águas mansas do poder. Essa previsão remete-nos ao ditado do Millôr Fernandes, de que “O Brasil não é o único país corrupto do mundo, mas a nossa corrupção é a mais gratificante”.

Manoel Afonso