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Opinião

Oportunidade prática

 Depois de uma temporada de alta no nível de emprego, o Ministério do Trabalho e Emprego divulgou na semana passada que a oferta de vagas para o jovem que busca a primeira oportunidade laboral na cidade de São Paulo atingiu o menor patamar desde 2009, quando o Brasil passava pelos efeitos da grave crise norte-americana. Nos cinco primeiros meses de 2012, foram criadas 123 mil vagas para primeiro emprego contra as 143 mil geradas no mesmo período do ano passado. A queda de 14% demonstra que o mercado de trabalho está mais desfavorável para os iniciantes, sem experiência. 

Muitas empresas preferem apostar em quem já tem vivência na profissão, conhece as exigências e os comportamentos do mundo corporativo, além de deter conhecimento técnico para assumir a função imediatamente sem necessidade de longo período de treinamento ou de adaptação. Mas há uma alternativa interessante que vem sendo adotada, de maneira crescente, por empresas com visão mais moderna. Trata-se dos programas de estágio e de aprendizagem, modalidade que permite lapidar o novo talento de acordo com a cultura e os valores da organização.

Mesmo empresas que não treinaram estagiários ou aprendizes podem se beneficiar dessa tendência. Ao avaliar um ex-estagiário ou ex-aprendiz, nota-se que ele já se destaca nos processos seletivos por conhecer o dia a dia da profissão e ter uma experiência prática acoplada aos conhecimentos teóricos. Essa vivência anterior também favorece a aquisição de posturas e competências adequadas. Melhoram a expressão verbal, suprimindo as gírias típicas da juventude; vestem-se com mais correção, aprendendo a diferença e importância do ambiente corporativo; e até cuidam melhor da higiene pessoal, com corte de cabelos e unhas mais adequados. São modelos atitudinais que as empresas cada vez mais prezam na hora de selecionar seus novos colaboradores.

Por esses e todos os outros pontos positivos, o CIEE, com 48 anos de experiência na inserção de jovens no mercado de trabalho, recomenda o estágio e aprendizagem como remédio para a diminuição da perspectiva de emprego para os jovens brasileiros.

 Luiz Gonzaga Bertelli é presidente Executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), da Academia Paulista de História (APH) e diretor da Fiesp.