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Paraguai e Mercosul: um casamento que interessa ao Brasil

A Democracia sul-americana saúda, neste quinze de agosto, a posse de Horácio Cartes como Presidente da República do Paraguai, escolhido em eleições reconhecidas por observadores internacionais como transparentes e legítimas.

Contudo, ainda que grande número de chefes de Estado e de Governo da América do Sul, incluindo a Presidente Dilma, deva estar presente na celebração democrática da nação guarani, esses importantes convivas farão enorme esforço para dissimular o desconforto decorrente do embaraço diplomático que eles próprios criaram ao suspender o Paraguai do Mercosul.

Suspenso da organização multilateral logo após a remoção sumária de Fernando Lugo da Presidência, em junho de 2012, o Paraguai experimentou o rigor legalista de um Mercosul tradicionalmente mais tolerante ante transigências flagrantes de países-membros. Como o permissivo flerte de ontem, do Brasil com a Líbia de Kadaf e com o Irã de Ahmadinejad; as astuciosas arremetidas, de ontem e de hoje, do kirchnerismo contra a liberdade de imprensa na Argentina; e a esdrúxula sucessão de Hugo Chávez que ainda há pouco guindou Nicolás Maduro ao poder na Venezuela.

Aliás, no vácuo da heterodoxa suspensão, o Mercosul admitiu a Venezuela, que o Paraguai vetava, dobrando a afronta a um membro fundador do organismo. Cúmulo da ironia, ou contundente resultado da soma de improvisos diplomáticos, neste momento a presidência de turno do Mercosul é exercida pela Venezuela, que sequer tem relações diplomáticas com o Paraguai.

Agora chamado a voltar ao “clube”, o Paraguai recusou olimpicamente o convite, em estratégica afirmação interna de sua altiva autonomia e, no contexto diplomático, assinalando que o Mercosul não lhe fez falta neste ano de pretenso “castigo”.

Mais ironia? Como Venezuela e Paraguai não têm relações diplomáticas, Nicolás Maduro não foi convidado para a posse de Horácio Cartes. Nem mesmo a condição de dirigente da vez do Mercosul ‘aliviaria’ sua condição de ‘penetra’ – o Paraguai agora esnoba o apelo para retornar ao clube que suspendeu sua carteira de sócio.

Trapalhadas do Mercosul à parte, o que de fato importa, neste quinze de agosto, é fazer chegar ao bravo povo paraguaio, através do Congresso Nacional, a confirmação dos propósitos permanentes da nação brasileira, de solidariedade e de comunhão de princípios na construção da Democracia como patrimônio comum do Continente.

Filho de um Estado que tem o privilégio de conviver com os irmãos paraguaios ao longo de extensa e viva fronteira que, ao contrário de dividir, anula limites geopolíticos na sagração de uma generosa consanguinidade, tenho plena certeza de que ao saudar a brava nação guarani, e desejar ao Presidente Horácio Cartes um governo profícuo na construção da grandeza do Paraguai, escrevo por todo o Brasil.

*Fabio Trad é deputado federal pelo PMDB de Mato Grosso do Sul