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Lava Jato

Política estudantil

Leia artigo do jornalista Alexandre Garcia, publicado na edição deste sábado do Jornal do Povo

O ministro do Supremo, Luís Roberto Barroso, perguntado por repórteres se a Lava Jato não estaria rompendo os limites legais, respondeu que não, e que, ao contrário,  vê o estado democrático de direito tentando subir de patamar ético e civilizatório, “com todas as dores que isso traz.” Pois os que esperam a convocação da Lava Jato em consequência da gigantesca colaboração premiada da Odebrecht, não aceitam essas dores e pretendem anestesiar o país em nome do direito de abafar, que eles confundem com direito de defesa. Esses, poderão exercer depois de acusados. Agora, não têm o direito de tolher o trabalho que faz a Polícia Federal, o Ministério Público e a Justiça Federal, em nome do povo brasileiro. Está na hora de deixarmos de novo a passividade e ficarmos atentos às manobras que os legisladores possam fazer em benefício próprio e contra o Brasil.

Já se ouviu Renan Calheiros & outros defendendo mudanças na colaboração premiada, tentando impedir que preso faça acordo. É como esperar que alguém desfrutando de uma boa praia, ao olhar as ondas do mar decida contar tudo que fez e entregar seus cúmplices e demais envolvidos. Querem também anistiar o caixa 2. Ora, o caixa 2 sempre foi crime. Crime fiscal e crime ético. Quando eu ajudava meu avô na contabilidade, ouvia discussões dele com o dono da empresa. 

Meu avô sempre defendeu a lei e nunca permitiu caixa 2, mesmo contra a posição do patrão. Agora desonestos que foram eleitos, alegam que não sabiam que seria ilegal. Pois sempre foi ilegal e imoral ter caixa 2. Também querem tolher o trabalho da polícia, no Ministério Publico e da Justiça, com um projeto de abuso de autoridade. Pois essa lei já existe desde 1965 e funciona muito bem, sem precisar acréscimos para proteger bandidos.

Aliás, já temos leis demais para proteger bandidos. Agora ainda querem tirar do acordo de leniência das empresas, a participação do Tribunal de Contas e do Ministério Público, para que só o Poder Executivo decida, o que é inconstitucional. Pobre país que protege os que estão fora da lei. Na capital, quem invadiu área pública, tem a situação “regularizada”, premiando a ilegalidade; o bandido que assalta é liberado em 24 horas pela audiência de custódia e vai assaltar de novo; o traficante não paga impostos, o  bandido não precisa registrar suas armas, o invasor de escolas, de fazendas, de prédios públicos e privados tem direitos que os que querem estudar, colher, trabalhar, não têm. Os contribuintes não desfrutam dos prazeres dos sonegadores, dos que torram o dinheiro público sem nada produzir. Está tudo invertido. Está na hora de uma rebeldia da maioria contra a ditadura dessa minoria desonesta.

Está na hora de gritar bem alto que entre a lei e os bandidos, ficamos ao lado da lei. Ou vamos continuar trabalhando e pagando impostos para sustentar a farra dos bandidos. Vamos continuar sem serviços públicos. Está na hora de gritar que estamos ao lado da Justiça, ainda que até ela nos deva explicações sobre superssalários com penduricalhos que recheiam o contracheque. Ainda há juízes no Brasil; ainda há polícia que se sacrifica pela Lei; ainda há procuradores que não arquivam inquéritos. Portanto, é hora de mostrar que ainda há brasileiros que ficam indignados com a mentira, a fraude, o engodo, a ilegalidade. Direito de defesa não é direito de abafar.

 

*É jornalista e comentarista político.