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Previsões políticas

Toda vez que uma eleição se encerra, ficamos um pouco sem notícias. É sempre assim. Aquela disputa em segundo turno, acaba com nosso estoque de palavras para dialogar, escrever, enfim, dar conta de continuar a vida como ela deve ser. Fiquei assim após a vitória da Dilma Roussef .
Navegando pelas redes sociais vi um monte de pessoas assíduas desaparecerem; os jornais e sites ficam sem coisas novas; as rodas de conversas estão vazias. Mas eis que, por falta de notícias, alguns já começaram a levantar o que vem por aí: sucessão municipal. Claro. Acabamos de votar para Presidente e Governador, então vamos embalar na campanha para Prefeito de 2012. Meio longe, mas na falta de pauta, os jornais começaram a dar destaques. No dia da eleição, em 31 de outubro, o Prefeito de Campo Grande já comentava que procuraria o governador para conversar diversos assuntos, dentre eles, sucessão municipal. Cartas na mesa, arrisco a dizer que teremos uma eleição, em 2012, como nunca mais vimos, em termos de quantidade de candidatos.
Vejamos nossas previsões. Após a reeleição de André no governo, creio que há dois nomes vindos da Governadoria: Giroto (PR) e Marun (PMDB). Parlamentares, um federal, outro estadual, bem votados, têm como serem lembrados; da mesa do atual Prefeito, há outros nomes que devem ser lembrados: o mais novo deputado federal eleito, Mandetta (DEM) e Antonieta (PMDB); da Câmara de Vereadores, o presidente Paulo Siufi (PMDB) não pode ser esquecido e as suas ações polêmicas, como a de proibir propaganda que tenha algum sinal de sexo ou coisa parecida, é bem calculada para esse fim. Se quiser pegar uma carona na votação da Marina Silva e na pauta da sustentabilidade, o PV pode colocar o nome de Marcelo Bluma na mesa. Em função de sua votação para a candidatura ao Senado federal, o PDT deve acender a brasa e assoprar o nome de Dagoberto Nogueira como candidato. O PPS se quiser continuar sendo lembrado como partido político deveria se lançar na briga com o Athayde Nery que fez uma campanha derrotada para deputado estadual, tendo sido lider do Prefeito na Câmara de Vereadores e ex-presidente da FUNDAC. A lista de previsões já tem oito candidatos até agora. Ainda falta comentar como vai se dar a disposição dos dois partidos que acabam de disputar as eleições presidenciais: o PT e o PSDB. Vamos começar pelo PSDB. Derrotado por Dilma no país, mas tendo ganho em votação em Campo Grande, com quase 60% dos votos, seus principais dirigentes devem estar animados com esses números, imaginando um rebatimento em 2012. Dos seus quadros, destacamos a senadora Marisa Serrano, como nome de expressão e que ainda tem quatro anos pela frente e se, no meio do caminho pintar uma eleição para prefeito na capital, embora possa perder ou ganhar, uma eleição faz acordar o eleitorado para depois, ou seja, 2014, sonhando com novos voos.
A incógnita, para mim, é o PT. Derrotado na capital na eleição para Presidente e Governador, qual a alternativa que teria daqui a dois anos? Lançar candidato próprio ou apoiar um aliado? No primeiro caso, quem seria o candidato ou candidata? Gilda dos Santos? Pedro Kemp? Vander Loubet? Se for apoiar algum candidato, poderia ser de qual partido? Do PDT de Dagoberto? Do PV, que teve Tatiana como vice do Zeca do PT na eleição estadual? Ainda contando os números da votação, tentando entender como que o campo-grandense deu tanto voto para José Serra, sendo a cidade administrada por um prefeito que apoiou, abertamente, Dilma Roussef, o PT não deve ter uma solução a curto prazo. Enquanto isso, vai ficar assistindo os demais partidos se engalfinharem, discutindo nomes e candidatos homens ou mulheres, fazendo pesquisas e tudo para que essas minhas previsões possam acontecer.
Esse quadro que acabo de desenhar e que denomino Previsões para 2011, é bem possível de acontecer. Entretanto, acho que tem uma previsão ainda difícil de enxergar, mas que, no médio prazo, em função de tantas incertezas e possíveis problemas, pode acontecer o impossível: André Puccinelli se candidatar à Prefeitura Municipal novamente para que o PMDB mantenha a hegemonia de vários anos e com isso entrega o governo à Simone Tebet, que não sairia candidata ao Senado, abrindo espaço para Nelsinho Trad e entregaria uma avenida aberta, em 2014, para o Senador Delcídio do Amaral disputar as eleições estaduais e com isso fecha um ciclo político no Estado e na capital. No fundo, muitos saem ganhando.
Isso é um pensamento meu que cremos, como previsão, pode ou não acontecer. Mas, se acontecer, imaginem o nó? Ah! Esqueci de comentar sobre Corumbá, Dourados, Três Lagoas e Ponta Porã. Mas isso vai ser tratado em outro artigo.

Ângelo Arruda é arquiteto e urbanista e professor da UFMS