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Quem ganha é o Brasil

Já estão mais do que comprovado os benefícios que o estágio proporciona aos jovens que buscam uma experiência no mercado de trabalho. O treinamento prático, aliado à teoria da escola ou universidade, tem o poder de transformar realidades. O jovem vence a barreira da inexperiência, convive com os problemas reais da profissão e adquire conhecimentos que serão importantes, e até decisivos, para o sucesso em sua vida profissional.
Quando se trata de estágio em órgãos ou autarquias públicas, os estudantes vivenciam a realidade dos serviços prestados à população, as necessidades de determinadas comunidades e o respeito que se deve ter para com o contribuinte. A riqueza dessa convivência não só traz benefícios do ponto de vista prático para o desenvolvimento profissional, como aumenta a consciência de cidadania.
Ao longo de seus 45 anos de existência, o Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) sempre esteve ao lado dos órgãos públicos, possibilitando acesso aos estudantes a essas experiências, com crescente êxito. Em janeiro deste ano, pro exemplo, ofereceu 11 mil oportunidades de estágio para alunos de nível médio, técnico e superior, interessados em ter contato com o trabalho no serviço público  ¬– quantidade 16% maior que a registrada no mesmo mês de 2008. O índice conquistado superou a média histórica de crescimento de vagas nessa época do ano, que costumava girar em torno de 10% na última década.
Os números comprovam, mais uma vez, que os gestores públicos entendem a importância da abertura de oportunidades para o aprimoramento da formação integral de nossos jovens, que passa necessariamente pela valorização do trabalho. Além disso, mostra também que já se adaptaram à nova Lei do Estágio, ¬que entrou em vigor em setembro do ano passado, passado o natural período de transição, não previsto pelos legisladores, mas imposto pelo prazo demandado pelo processamento das mudanças de normas.
O estágio no serviço público tem, ainda, o valor de despertar vocações, para uma área merecedora dos melhores talentos. Muitos estudantes que nunca imaginaram prestar concurso público, depois da experiência do estágio, fixam o objetivo de prestar a prova e tornar-se um funcionário de carreira. Para o órgão público, além de prestar um serviço social importante – tirando jovens da desocupação, das ruas e das más companhias, e preparando-os para o mundo do trabalho e da cidadania –, o estágio, por ser um programa de natureza pedagógica, não onera a folha de pagamento e, portanto, não traz riscos de arranhões na Lei de Responsabilidade Fiscal. É importante reforçar que a nova Lei do Estágio garante a isenção de tributos trabalhistas e previdenciários. A presença de jovens também é revigorante para o ambiente dos servidores públicos. Gestores de Recursos Humanos já constataram que a presença de estudantes, cheios de garra, ajuda a motivar funcionários mais antigos, já um tanto acomodados nas suas funções.
Esse conjunto de benefícios, com certeza, vem motivando, prefeituras, autarquias, órgãos do legislativo, executivo e judiciário, entre outros, a abrir suas portas para os futuros talentos. Com isso, ganha o jovem, ganham os órgãos públicos e por último, mas não menos importante, ganha o Brasil.

Luiz Gonzaga Bertelli é presidente executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) e diretor da FIESP