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Sucessão?! ... Deixa pra lá

Pensando bem esse assunto da sucessão governamental aqui em nosso Estado e lá para presidência da República já está se tornando cansativo, mesmo enfadonho, isto porque seus personagens mantêm o mesmo roteiro.
Nestas bandas, nota-se o governador cutucando o ex com vara curta; este, por vez, sovando aquele a pau sem dó, nem piedade. Na realidade, indecisos, um bombeando o outro, na expectativa de um posicionamento que virá lá do planalto central, ou da paulicéia: Lula participará ou não da campanha na nossa querência? José Serra será finalmente candidato, ou amarela (como André em 2002)? E nós, simples eleitores, ficaremos como estamos, olhando para um horizonte sombreado pelas indecisões de nossos homens públicos, pretensos candidatos? Qual Sísifo, rei de Corinto, até parece que nós eleitores estamos condenados a subir e descer o morro
das expectativas eleitorais.
Nessa penumbra cinzenta, como cães na carroceria de caminhão de mudança, o eleitorado está como joguete à mercê da vaidade daqueles que se consideram seus líderes. Daqui de minha parte pensei em outro ou outros cenários. E os há: o constrangedor terremoto no pais tão nosso amigo, o Chile; a vergonhosa por que tíbia e humilhante para quem quer ser líder mundial, o Lula lá na antilhana Cuba, incapaz de uma palavra pelos direitos humanos dos prisioneiros dos irmãos Fidel e Raul Castro; a questão das ilhas Falkland, no dizer dos ingleses, e Malvinas, ao som dos
nossos irmãos argentinos. Ao fim e ao cabo, pendi para a questão das longínquas e quase antárticas, pouco habitadas ilhas que já levaram à guerra britânicos e argentinos, em 1982, porém permanecendo sob o centenário domínio da Velha Albion.
A questão voltou à baila porque a Inglaterra está iniciando prospecção petrolífera nas águas oceânicas próximas às ilhas contestadas, o que motivou enérgico protesto do governo argentino sob a alegação de seus direitos de extra territorialidade.
O litígio está formado. A Argentina em recente reunião dos países da América Latina, em Cancun, no México, recebeu a solidariedade de “los hermanos”. De sua parte, a Inglaterra mantém-se firme do domínio das ilhas Falkland, inclusive para atender aos reclamos de seus dois mil e poucos habitantes, os kelpers, sob a alegação do princípio da auto-determinação. Hoje, o mundo olha para as Malvinas e indaga : quem
tem realmente direito sobre elas?
Pensei lá com os meus botões e sem muita ilustração sobre quem, a Casa Rosada ou a Downing Street, tem a razão a seu favor. A impressão inicial era favorável aos ingleses, mas da rápida pesquisa feita conclui que o direito é dos argentinos. Isto porque, a reivindicação argentina vigorosa e quase tricentenária vem do Tratado de Utrecht (1713/1715) que reconheceu a soberania espanhola e reiterado com a independência argentina em 1823. Dez anos depois, as Malvinas foram retomadas à força pela Grã-Bretanha, numa típica ação imperialista, e lá permanece. A questão, pois, não é dar razão aos militares golpistas do general Galtieri (então presidente) que quiseram retomar as Malvinas na fracassada incursão bélica de 1982,
como também aos estrilos da atual presidente Cristina Kilchner – embalada por sentimento patriótico, ou pelo de menor valia para se recuperar do prestígio popular em desgaste – e sim consagrar pelo consenso das nações (a ONU, ou Tribunal de Haia) que o Tratado de Utrecht, mesmo envelhecido, representa um patrimônio do direito das gentes, portanto de valia internacional.

Ruben Figueiró de Oliveira foi Deputado Estadual, Federal, Constituinte de 1988, Secretário de Estado e Conselheiro do Tribunal de Contas. É Senador suplente.