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Assassinatos assustam TL

Três Lagoas acaba de bater seu próprio recorde em números de violência

Três Lagoas acaba de bater seu próprio recorde em números de violência. Apenas neste fim de semana, quatro pessoas foram assassinadas na Cidade. Na maioria dos casos, foram detectados requintes de crueldade e de frieza por parte dos assassinos. Dos quatro homicídios, três foram execuções. Apenas um, o primeiro do fim de semana, se tratava de crime passional.

O primeiro homicídio ocorreu por volta das 20 horas de sexta-feira (3), quando um adolescente de 17 anos matou o próprio pai, Odo Luiz Espindola Vargas, 48 anos, com um golpe de frigideira. De acordo com o delegado Orlnado Sacchi, responsável pelo caso, a vítima teria chegado na casa da família, na rua Benedito Soares da Mota, e tentou agredir a mãe do adolescente. Com o intuito de defendê-la, o garoto pegou uma frigideira que estava próxima e atingiu a cabeça do pai. Vargas morreu no local. O corpo foi levado ao Instituto Médico Legal (IML) e depois liberado à família.
O adolescente deve se apresentar nesta semana. Segundo Sacchi, o advogado dele entrou em contato com a delegacia ontem (6). O garoto não tem passagem pela polícia.

IRMÃOS

Já na madrugada de domingo (5), a Polícia Civil registrou o segundo e o terceiro homicídios do fim de semana.  Gabriel de Freitas Machado, 20 anos, e Jair de Freitas Machado, 22 anos, irmãos, foram executados a tiros na cabeça e no rosto, no bairro Ipacaraí. O crime aconteceu por volta das 2 horas, no cruzamento entre as ruas Abrão Matar e José Teixeira da Silva.
De acordo com os policiais que estiveram no local, os corpos dos dois rapazes foram encontrados pela PM após denúncias anônimas. O caso ainda é investigado, no entanto, ao que tudo indica, o Gabriel estaria de bicicleta quando foi morto. Já Jair, encontrado ao lado do irmão, estava a pé. Porém na rua José Teixeira da Silva, os policiais encontraram uma bicicleta abandonada, que seria da segunda vítima.
Além disso, com Jair, a polícia também encontrou uma faca – a arma branca estava na cintura da vítima.
Por enquanto, a polícia não descarta a possibilidade de que o crime tenha ligação com uma série de disparos de arma de fogo, denunciada à PM minutos antes. Segundo os militares, as denúncias partiram do bairro Jardim Carandá, onde os jovens residiam.
Policiais militares preservaram o local do crime até a chegada da perícia. Além disso, o delegado Hélio de Melo, da 3ª Delegacia de Polícia, e policiais da Delegacia de Investigações Gerais (Dig) e Rotai também realizaram buscas pela região. Quatro jovens foram detidos para ser submetidos a exames residuográficos.
De acordo com a Polícia Civil, o caso ainda não possui suspeitos para o caso, mas já conta com uma linha de investigação – cujo teor não foi divulgado. Dos dois rapazes, apenas Jair tinha passagem pela polícia, no entanto, pelo crime de perturbação do sossego.

SEGUNDA EXECUÇÃO

Vinte e quatro horas depois, Gleison Ferreira Rodrigues, 24 anos, era executado com quatro tiros no bairro Lapa. O crime aconteceu já na madrugada de ontem (6), por volta das 3 horas, na rua João Gonçalves de Oliveira.
De acordo com o boletim de ocorrência, Gleison caminhava com um amigo de 20 anos, quando foram abordados por dois homens em uma motocicleta Honda Biz. Aos policiais, testemunhas disseram que os assassinos chegaram a falar: “São esses aí, vamos matar” e efetuaram os disparos contra os dois rapazes. O amigo de Gleison conseguiu escapar ileso, mas ele já não teve tanta sorte.
Segundo levantamento preliminar, o jovem teria sido morto por quatro tiros.
Ainda conforme o boletim de ocorrência, Gleison morreu pouco antes da chegada do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência e Emergência (SAMU). O corpo foi levado ao IML e liberado à família logo pela manhã. O caso foi registrado na 1ª DP e deverá contar com o apoio da Dig nas investigações. Aos policiais, o amigo de Gleison disse desconhecer o que teria motivado o crime e quem seriam os autores. Os assassinos continuam foragidos.

Procurado pela reportagem do Jornal do Povo, o delegado Regional, Vitor Lopes, admitiu não apenas o crescimento da violência, mas na brutalidade dos crimes. De acordo com ele, os crimes de homicídio doloso deixaram de ser esporádicos, como há um ano, e passaram a ser sistemáticos e crescentes.
Em contrapartida, ele explica que a maioria dos crimes registrados na Cidade é de difícil previsão. “Os crimes de ordem passional lideraram os índices de homicídio neste ano. São crimes que acontecendo dentro de casa, decorrente de uma violência extremada. Não há ação preventiva para isto”, declarou.
Mas concorda no aumento da brutalidade, principalmente nos crimes passionais. “Hoje são filhos matando pais, pais matando filhos. Usando armas brancas, armas de fogo e até escavadeira. Tudo isso são sinais de uma brutalidade antes desconhecida. Não há mais problemas familiares internos que se possam resolver com uma conversa, por exemplo”
O comandante da Polícia Militar, o tenente-coronel Washington Geraldo de Oliveira, relaciona o aumento no número de casos de homicídio ao crescimento de Três Lagoas. De acordo com ele, toda cidade que passa por esse processo de desenvolvimento, acaba enfrentando este tipo de problema. “Tanto que hoje, quase todos os crimes são passionais. Por quê? Porque há mais pessoas convivendo, mais dinheiro, mais crises e uma série de outros fatores que envolve família”, disse.
De janeiro até hoje, 18 pessoas foram assassinadas em Três Lagoas. Destes crimes, nove já tem autoria conhecida e outros nove ainda estão em fase de investigação.

TENTATIVAS

Além dos assassinatos, a Polícia Civil também registrou duas tentativas de homicídio.  A primeira aconteceu no bairro Jardim Primavera, onde Alberto Rodrigues Geremias, 23 anos, foi alvejado com um tiro na cabeça e outro no tórax. O crime aconteceu na noite de sábado (4), por volta das 21 horas, na rua José Amim. O jovem permanece internado no Hospital Nossa Senhora Auxiliadora. A outra tentativa foi registrada na tarde de sexta-feira (3), no Guanabara. Um senhor de 68 anos foi atingido por quatro tiros. Ele foi socorrido pelo SAMU e está fora de perigo. (R.P)