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Integração De Dados

Coleta de DNA de familiares pode ajudar na busca por desaparecidos

Na capital a Semana D de coleta será de 14 a 18 de junho, na Depol, e nos demais municípios nas Regionais da Perícia

Na capital a Semana D de coleta será de 14 a 18 de junho, na Depol, e nos demais municípios nas Regionais da Perícia - Foto: Isabelly Melo
Na capital a Semana D de coleta será de 14 a 18 de junho, na Depol, e nos demais municípios nas Regionais da Perícia - Foto: Isabelly Melo

Na manhã desta terça-feira (25), marcando o Dia Internacional das Crianças Desaparecidas foi lançada a nível nacional a campanha nacional para coleta DNA de familiares de desaparecidos. A campanha foi lançada simultaneamente em todo país.

Em Mato Grosso do Sul, a campanha foi lançada pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), por meio da Polícia Civil, via Delegacia Especializada de Homicídios e Coordenadoria-Geral de Perícias, através do Instituto de Análises Laboratoriais Forenses.

Campanha foi lançada simultaneamente em todo país.  Foto: Isabelly Melo

Conforme dito no lançamento nacional, o objetivo é fortalecer a rede de procura e compilação de dados e integrar as informações a nível nacional e internacional. “Nós vamos atrás dessa rede que está raptando crianças no Brasil. Vamos fazer a diferença e acabar com essa realidade no Brasil”, disse a Ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves.

De acordo com informações da Sisp/Sejusp/MS, no ano passado 76 crianças entre 0 a 11 anos foram registradas como desaparecidas dentro de Mato Grosso do Sul. A médias anual chega a 72,4 desaparecidos, sendo que em 2019 foram 94, em 2018 chegaram a 67, outras 79 crianças em 2017 e 46 em 2016. (Clique aqui para conferir mais dados estaduais)

Estiveram presentes na cerimônia o Secretário Adjunto de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul, Coronel Ary Carlos Barbosa, a Coordenadora do Instituto de Análises Laboratoriais Forenses, Josemirtes Prado da Silva, a Delegada-Geral Adjunta da Polícia Civil, Rozeman Geize Rodrigues de Paula e o titular da Delegacia Especializada de Homicídios, Delegado Carlos Delano.

O Delegado Carlos Delanos destacou que o banco começará a ser abastecido, formalizando a aumentando a integração de dados. “De um dia para o outro, em questão de horas, teremos já a identificação e poderemos buscar o que aconteceu, os responsáveis e isso da maior agilidade e aplicação da lei”, informou Delano.

Nós teremos a semana D, de 14 a 18 de junho, as coletas serão feitas na Delegacia de Homicídios (Depol), em Campo Grande e nos demais municípios nas Regionais da Perícia, informou o Coronel Ary Carlos.

Deiseane foi uma das primeiras a permitir, voluntariamente, a coleta de DNA para a Campanha Estadual.  Foto: Isabelly Melo

Após o lançamento foram feitas as primeiras coletas de materiais genéticos de famílias voluntárias, entre elas da revendedora Deiseane Alves, 26, que teve a irmã desaparecida em 13 de dezembro de 2018, após a jovem Regiane Alves, que hoje teria 24 anos, dizer que os a um acerto de trabalho. “Ela não chegou a fazer o acerto, ela desapareceu. A gente não sabe se ela desapareceu no ponto de ônibus, se ela pegou Uber”, contou Deiseane.

Conforme as investigações, Regiane teria voltado para casa, pulado o muro e saído novamente. “Tinha câmera na casa do vizinho, mas do ponto de ônibus, onde ela provavelmente teria desaparecido, não tem registros. Nem de comércio ali perto”, revelou a irmã da desaparecida.

As investigações sobre o caso seguem ativas e, para Deiseane, a coleta de DNA pode ajudar na procura pela irmã, principalmente em outros Estados. “É internacional né!? Então eu acho que pode ajudar, porque pode ser que ela não esteja em Campo Grande ou no Brasil. Tomara que ajude”.

Legislação

Em fevereiro deste ano o presidente Jair Bolsonaro, assinou um decreto que regulamenta a política nacional de busca de pessoas desaparecidas e define as atribuições dos órgãos federais no setor.

A coleta não é obrigatória e todos os dados são sigilosos.  Foto: Isabelly Melo

Pela norma, a Secretaria Nacional de Segurança Pública, vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, coordenará as ações de cooperação operacional entre órgãos de segurança e autoridades estaduais. A pasta também deve consolidar informações em nível nacional, elaborar relatório anual de estatísticas sobre pessoas desaparecidas e gerenciar o cadastro nacional de pessoas desaparecidas.

A reformulação desse cadastro foi uma das principais mudanças trazidas pela lei 13.812, aprovada em 2019, que instituiu a política nacional de busca de pessoas desaparecidas. A ideia é que o banco de dados tenha informações pública, disponíveis para o público em geral, e informações sigilosas que deverão ser compartilhadas apenas por forças de segurança e órgãos públicos envolvidos na política.

Dados

Em 2019, o Anuário Brasileiro da Segurança Pública começou a contabilizar o número de pessoas localizadas. Em 2019, o número de desaparecidos no Brasil ultrapassou 79 mil pessoas, número 65% maior que o de assassinatos.

A cada dia, 217 pessoas desapareceram no país, enquanto outras 130 foram assassinadas. O levantamento foi realizado pelo Anuário Brasileiro da Segurança Pública, que só começou a contabilizar os desaparecidos em 2017. A anuário fez uma retrospectiva de 2007 a 2016 e registrou uma média de 69 mil pessoas desaparecidas por ano.

Em MS, o total de pessoas desaparecidas entre 2016 a 2021 chegou a 7.770 sendo 3.148 somente em Campo Grande. Além da capital, os municípios que mais registraram desaparecidos foram Três Lagoas (584), Dourados (571), Ponta Porã (252) e Corumbá (227).