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Festas eram patrocinadas pelo crime organizado

Das 40 pessoas, em média, detidas na operação, 25 foram presas em flagrante

A festa realizada na terça-feira (1º), na Vila Haro, e que fora alvo de uma grande operação conjunta envolvendo policiais civis e militares, seria patrocinada pelo crime organizado de Três Lagoas.

A informação foi confirmada na coletiva realizada na manhã de ontem (2) para apresentar os resultados da operação. De acordo com o delegado Regional Vitor Lopes, a princípio, a festa foi realizada para comemorar o aniversário de um dos envolvidos, identificado apenas como “Fuinha”, único que não estava presente na hora do cerco policial: ele havia saído para comprar bebidas. No entanto, também seria para comemorar as ações de facção criminosa em Três Lagoas. “A festa, com mais de 40 convidados (entre homens, mulheres e até crianças de dois a cinco anos de idade), foi regada à comida, bebidas e cocaína, patrocinadas pelo crime organizado”, disse.

O subcomandante da Polícia Militar, major Wilson Monari, completou dizendo que estas “festas”, também seriam utilizadas para o planejamento de novos crimes. “Temos informação de que esta não foi a primeira reunião promovida por eles. Ao menos a cada 15 dias, uma festa semelhante era realizada”, disse. As investigações apontam que estas “reuniões” vinham acontecendo desde o começo do ano.

Questionados pelo cenário encontrado no momento em que a operação foi deflagrada, o delegado Ailton Pereira de Freitas, coordenador da DIG, disse: “Na pia, havia comida e carreiras de cocaína. Também tinha maconha em alguns pontos do local e as pessoas estavam fazendo uso de drogas na frente dessas crianças”, disse.

PRISÕES

Das 40 pessoas, aproximadamente, encontradas no local, 25 homens foram presos e autuados em flagrante por tráfico de drogas, associação ao tráfico, corrupção de menores e formação de quadrilha. “Dentre os autuados, cinco ou seis possuem certo conceito dentro da organização criminosa. Mas todos têm ligação direta ou indireta com o crime organizado na Cidade”, completou Vitor.

Conforme o balanço, entre os autuados em flagrantes, havia de oito a nove acusados que cumpriam pena no regime semi-aberto. Além disso, os policiais conseguiram solucionar um homicídio ocorrido em setembro do ano passado.

Marcos Barbosa, 34 anos, um dos presos na operação foi apontado como o principal suspeito de ter matado Manoel Costa do Nascimento, 32 anos, fugitivo da Colônia Penal de Campo Grande, no dia 14 de setembro do ano passado.

Segundo o delegado Ailton, a princípio, o acusado teria apresentado o nome de falso de Gilberto Dobiez, porém, depois de descoberto, teria confessado o crime. O suspeito também seria foragido da Colônia Penal de Campo Grande, como completou Vitor.

Além dele, o acusado Julio Pereira Correia Junior, também teria um mandado de prisão expedido pela comarca de Ilha Solteira (SP), pelo crime de tentativa de homicídio. “E também havia um recém saído do presídio de Assis, interior paulista”.

Conforme o delegado Vitor, todos os acusados negam a participação do crime. Mas a polícia afirma que possui provas suficientes para incriminá-los.
No local, os policiais apreenderam cocaína e uma pequena quantidade de maconha. Ao contrário da primeira informação repassada à Imprensa, o entorpecente introduzido em uma criança de apenas 11 anos foi uma pequena porção de maconha. A cápsula de cocaína foi encontrada no bolso de um dos suspeitos. Ele teria tentado jogar o entorpecente no momento da abordagem, mas foi flagrado pelos policiais, conforme completou o subcomandante da PM, major Wilson Monari.

No celular de um dos acusados, os policiais também encontraram uma foto de “carreira de cocaína” (enfileirada para consumo) que formava a inscrição de uma facção criminosa: 15.33 – ordem numérica do alfabeto.

Todas as mulheres encontradas na festa – uma média de cinco – foram liberadas. O delegado Vitor Lopes informou que elas serão ouvidas como testemunhas no decorrer do inquérito instaurado pelo delegado Hélio de Melo, da 3ª Delegacia de Polícia.

Já os sete adolescentes detidos na operação foram ouvidos logo após a operação, no entanto, por conta da legislação, eles deverão responder em liberdade. “Como é determinado no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o menor infrator só pode ser apreendido em flagrante em casos de crime onde haja empenho de violência. Por conta disto, deverão aguardar o julgamento em liberdade”, explicou o Regional.

Boa parte dos adolescentes já havia sido internada na Unidade Educacional de Internação (Unei) recentemente e estava em liberdade assistida.

Os veículos (cinco carros e cinco motos) apreendidos na operação foram encaminhados ao pátio da 6ª Agência de Trânsito (Detran). Segundo Monari, a informação mais recente apontava que os veículos apresentavam irregularidades como documentação vencida, mas nada que caracterizasse furto ou roubo.