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Investimentos na Polícia Civil são ?tímidos?

A falta de investimentos reflete diretamente no índice de casos solucionados pela Polícia Civil

Os investimentos na Polícia Civil no que se refere, principalmente, a recursos humanos, foram quase irrisórios. Neste ano, a Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) entregou quatro viaturas para a Polícia Civil. No entanto, ainda de acordo com um levantamento realizado pela reportagem, de 2008 para cá, Três Lagoas recebeu apenas dois agentes de polícia. Neste mesmo período, ao menos cinco foram afastados. Além disso, neste ano, a 1ª Delegacia de Polícia recebeu um delegado, porém, a então titular da Delegacia da Mulher, delegada Magali Corsato, também se aposentou.

A falta de investimentos reflete diretamente no índice de casos solucionados pela Polícia Civil. Na teoria, o sistema de Segurança Pública funciona da seguinte forma: fica a cargo da Polícia Militar prevenir que os crimes aconteçam e agir em situações de emergência, de modo preventivo e ostensivo. Após a consumação do crime, é de responsabilidade da Polícia Civil investigar.

Porém, hoje a estimativa é de que apenas 25% dos crimes ocorridos na Cidade sejam solucionados pela Polícia Civil. Os 75% restantes permanecem com autoria desconhecida e ainda estão sendo investigados. Com boa parte dos agentes investigadores lotados nos plantões das Delegacias, este trabalho de apurar os culpados fica, quase por completo, a cargo da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), uma equipe composta por um delegado e cerca de seis agentes.

A equipe de reportagem fez um levantamento apenas dos casos registrados no primeiro semestre deste ano. Hoje, ainda estão sem autoria 884 crimes de furto, 243 roubos, 24 casos de furto e roubo de veículos e cinco estupros. Se o total dos crimes, ocorridos somente no primeiro semestre, cujo inquérito policial está em aberto e não concluído, fosse distribuído entre os agentes da DIG, cada um teria de investigar: dois homicídios (a estimativa é de que 21 das mortes  neste ano já estejam solucionadas), 147 furtos, 45 roubos, três furtos e roubos de veículos e um estupro, aproximadamente. “O volume de trabalho é humanamente impossível”, desabafou um policial civil.

Cidade deverá contar com apenas oito agentes

Na segunda-feira (21), a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul realizou a formatura de 291 policiais para serem distribuídos em todo o Estado. A expectativa para este concurso era grande, porém, informações extra-oficiais apontam que Três Lagoas deverá receber uma média de oito agentes policiais (três escrivães e cinco investigadores), número abaixo do esperado. Até então, a Polícia Civil estimava receber em torno de 15 policiais, mínimo para reduzir a defasagem no quadro de agentes, como apurado pela reportagem.

Procurado pela reportagem do Jornal do Povo, o delegado Regional, Vitor José Fernandes Lopes, explicou que aguarda a deliberação do número de policiais por parte da Diretoria Geral da Polícia Civil.

O quadro da Polícia Civil será reforçado por 135 escrivães, 69 investigadores, 24 peritos papiloscopistas, 41 peritos criminais e 22 médicos legistas. Os formandos passaram seis meses na Academia de Polícia Civil (Acadepol) e deverão ser lotados em seus respectivos municípios a partir de outubro.