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Liberação de suspeito de tráfico gera questionamentos do MP

MPE pede explicações às polícias civil e Militar em relação à prisão e soltura de suposto membro do PCC

No final de semana, o Ministério Público Estadual (MPE) encaminhou um ofício às Polícias Civil e Militar solicitando esclarecimentos sobre a prisão e liberação de dois suspeitos de tráfico de drogas, na noite de quinta-feira (5).
Um dos detidos e posteriormente liberados, o mais focado pela Promotoria, seria Valdetônio Taivara Lima, conhecido como “Barcelona”, 35 anos, e suspeito de pertencer a organizações criminosas.
Ele foi detido com mais duas pessoas por volta das 19h30, em frente a um bar, situado à rua 4, bairro Guanabara, durante uma operação arrastão deflagrada pela Polícia Militar (PM). Segundo os policiais das Rondas Táticas do Interior (Rotai), ao perceber a chegada dos policiais, Barcelona teria jogado fora 33 papelotes de crack, apreendidos próximo ao local onde estavam – um terreno baldio. Além disso, os militares informaram que, enquanto efetuavam a prisão do suspeito, Mellry Aparecida Luiza Veiga, 30 anos, teria se aproximado para pegar uma bolsa, onde também estariam mais 11 papelotes e uma cápsula de cocaína. Com ela, numa busca realizada pelas policiais femininas, também teriam sido encontradas mais dois papelotes do mesmo entorpecente. Já numa busca pelo terreno, onde os suspeitos estariam, os militares teriam encontrado um tablete de maconha cortado ao meio. O terceiro detido seria Cleiton de Oliveira Arruda, 24 anos, acusado de desacatar e ameaçar os policiais durante a operação.
Os três foram encaminhados à Delegacia de Pronto Atendimento à Comunidade (Depac), onde foram ouvidos e liberados pelo delegado Luiz Ricardo de Lara Dias, titular da 2ª Delegacia de Polícia.

VERSÕES

O comandante do 2º Batalhão da PM, tenente-coronel Washington Geraldo de Oliveira, defendeu que os policiais militares agiram corretamente. Segundo ele, seria caso de flagrante. “Não houve falha da PM, tanto que a ocorrência foi aceita. Era caso de flagrante, tanto que o MPE quer saber por que não foi autuado”, disse.
Para ele, a sociedade será a única a perder com a liberação. “Estamos falando de um suspeito perigoso. Agora passou a vez”. No entanto, garante que o fato não irá refletir no relacionamento entre as polícias (Civil e Militar). “Foi um fato isolado”, disse o comandante.
O delegado regional Vitor José Fernandes Lopes defendeu a medida adotada pela Polícia civil. De acordo com ele, a não autuação do suspeito não está relacionada à impunidade. “Um inquérito policial foi instaurado no dia em que os suspeitos foram detidos e ouvidos. O delegado responsável pelo caso pode pedir a prisão preventiva a qualquer momento, desde que se tenha provas suficientes e esteja dentro da Lei. O mesmo poder de determinar a prisão de alguém também é direito do MPE, como ocorreu em muitas outras vezes”, explicou.
Lopes informou que já conversou com o delegado Lara para pedir um relatório completo sobre o caso – material que também deverá ser encaminhado ao MPE. No entanto, pelas informações obtidas, o Delegado Regional da Polícia Civil alega que o delegado Lara agiu dentro da legalidade. “Vou analisar todo o inquérito assim que recebê-lo, mas já de imediato, pelo que me foi passado, leva a crer que ele (delegado Lara) agiu conforme determina a Lei. A questão é muito mais complexa do que se imagina. Não se pode deixar levar pelo emocional dos policias, ou até mesmo, pelo fato de o acusado ser integrante de uma organização criminosa. Precisa-se de provas suficientes”, disse.
Ele completa: “Ao delegado, cabe o poder de decidir sobre a prisão em flagrante, ou não, de um suspeito, mas isto baseado na Lei e nos fatos trazidos a ele. Se os fatos não forem consistentes, e mesmo assim houver flagrante, o delegado pode responder por abuso de poder”, destacou. 
Conforme Lopes, no ano passado, Barcelona havia sido preso pela equipe da Delegacia de Investigações Gerais (Dig), por meio de um mandado de prisão e encaminhado à cidade paulista de Tupã, onde responderia ao processo. “Isto foi há poucos meses e ele já está em liberdade”.
Às duas instituições da Segurança Pública, o MPE deu o prazo de cinco dias para apresentarem os esclarecimentos solicitados.