Veículos de Comunicação

Polícia

Morte de garoto de 13 anos foi intencional

A reconstituição da cena do crime confrontou versão da irmã da vítima com a do acusado

Para finalizar o Inquérito Policial do assassinato do adolescente de 13 anos e finalmente decretar a prisão preventiva e transferência de José Carlos Vieira de Moraes, 18 anos, para o Presídio de Segurança Média de Três Lagoas, faltava apenas a reconstituição da cena crime. A simulação foi realizada na manhã desta quinta-feira (11) no local do assassinato, na avenida Antônio Trajano, nas imediações do Supermercado Proença. Para o fechamento do inquérito foram simuladas duas versões. A versão da irmã de vítima e a do acusado. Ao término da reconstituição foi constatado que o assassinato do adolescente foi um crime doloso, ou seja, com intenção de matar. Ao contrário da alegação do acusado, que em depoimento à polícia declarou que matou em legítima defesa.

O crime aconteceu no dia 30 do mês passado, na noite de um sábado nas proximidades do Supermercado Proença, na avenida Antônio Trajano. A vítima, em companhia da irmã e um primo, seguiam a pé pela avenida, sentido bairro. Estavam voltando para casa, quando o acusado surgiu de bicicleta e efetuou os disparos contra o adolescente de 13 anos. Foram quatro tiros que atingiram o coração e o pulmão. Antes do fato, o trio estava na praça Ramez Tebet, local onde teriam encontrado com José Carlos, que tentou falar com a irmã da vítima, uma adolescente de 17 anos. Ambos tiveram um relacionamento amoroso e há pouco tempo haviam terminado. A garota não queria mais falar com o acusado. Durante as tentativas frustradas de José o irmão da garota (vítima) interveio e disse que a irmã dele não queria mais nada com ele (acusado) e que era para ele “cair fora”. José Carlos foi embora da praça. No caminho de volta para casa o crime foi consumado.

VERSÃO DA IRMÃ

A primeira fase da reconstituição do crime foi de acordo com o depoimento da adolescente de 17 anos que presenciou toda a cena. Ela esteve no local em visível estado emocional, chorando por várias vezes em ter que reviver todo o fato que vitimou seu irmão.

De acordo com ela, o trio caminhava na calçada da avenida, sentido bairro quando se deparou com José Carlos vindo sentido Centro na direção deles. José Carlos estava de bicicleta. Subiu na calçada, montado na bicicleta e acertou o primeiro tiro em seu irmão, na direção da barriga. Nisso, o garoto teria se ajoelhado. Ela disse que o acusado caminhou mais um pouco e ao lado do seu irmão que já estava no chão, atirou mais três vezes. Não houve qualquer possibilidade de reação de qualquer um dos três.

VERSÃO DO ACUSADO

A segunda fase da reconstituição foi interpretada pelo próprio acusado. Neste momento, a família da vítima ficou do outro lado da avenida acompanhando de longe toda a atuação de José Carlos, na reconstituição do crime. Alguns familiares, emocionados, começaram a xingar o acusado quando ele saiu da viatura da Polícia Civil. Ele estava com um colete à prova de balas, por precaução, caso houvesse uma tentativa de vingança.

A reconstituição foi conduzida pelo delegado responsável pelo caso, Eraldo Coelho e pelo chefe da Unidade Regional de Perícias e Identificação de Três Lagoas, Milton César Fúrio. Foi entregue ao acusado uma bicicleta para que fosse fiel à simulação. Os sentidos citados pelo acusado foram os mesmos apontados pela irmã da vítima. Ele encontrou o trio quando estava de bicicleta sentido Centro que vinham em direção contrária, ou seja, de frente. Na versão dele os três não andavam simetricamente juntos, a irmã e o primo vinha mais à frente e o adolescente um pouco mais atrás. Ele disse que já estava com a arma enfiada na bermuda e chegou com o intuito de conversar com sua ex-namorada. Chamou pelo nome dela e nisso o irmão interveio de novo dizendo para ele sair de perto deles. Segundo José Carlos, o adolescente colocou a mão na cintura, insinuando que pegaria uma possível arma. Ele quis se defender, tirou sua arma da bermuda e disparou os quatro tiros de uma só vez. A vítima teria caído rodopiando.

Depois ele disse que seguiu com sua bicicleta sentido Centro, virou na rua Alfredo Justino à esquerda. Ao passar em frente à Pizzaria da Mama avistou uma viatura da Polícia Militar na calçada em frente ao estabelecimento. No local haviam dois policiais conversando. Segundo sua versão ele se assustou e já virou a próxima rua à direita (Generoso Siqueira) jogando a arma no canteiro da casa da esquina, em frente à Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE). Depois disso foi embora para sua casa, sem a arma. Em sua versão, toda a sua ação foi em legítima defesa. Cabe destacar que a arma do crime não foi encontrada.

José Carlos foi capturado pelos policiais do Serviço Reservado da Polícia Militar (P-2), três dias após o crime. Ele estava escondido na casa de uma tia na rua Maria Eulália Vieira, no bairro Santa Terezinha, desde o dia do assassinato. Ao perceber a movimentação policial na região, o jovem se assustou e se escondeu numa horta nas proximidades da casa da tia. Foi lá que os policiais encontraram o foragido da polícia

CONCLUSÃO

O delegado Eraldo Coelho, declarou que após toda a simulação da cena do crime já deu o caso por encerrado. “Pegamos a versão da irmã e confrontamos com a versão do acusado. Não há outro motivo, ele não agiu por legítima defesa, o crime foi doloso, ele já foi para o local do crime com intenção de matar sua vítima”, declarou.

O InquéritoPolicial estava previsto para ser finalizado até o final da tarde desta quinta-feira (11). Com a finalização, José Carlos seria transferido para o Presídio de Segurança Média de Três Lagoas. A pena para esse tipo de crime varia de 6 até 30 anos de prisão.