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Mutirão Carcerário libera presos e PM fica em alerta

Segundo a PM, índices de roubos voltaram a aumentar após a liberação de presos

O Mutirão Carcerário, realizado no fim do mês passado em Três Lagoas, colocou a Polícia Militar em estado de alerta. De acordo com o comandante do 2º Batalhão da Polícia Militar (2ºBPM), major Wilson Sérgio Monari, há menos de uma semana, a polícia voltou a registrar casos de roubos, que podem estar relacionados à libertação dos 68 presos, incluindo quatro adolescentes que estavam internados na Unidade Educacional de Internação (Unei).

“Três Lagoas passou por um período tranquilo. Ficamos um bom tempo sem roubos. Os assaltos voltaram a acontecer na [última] quinta-feira (5). Coincidentemente, logo após a liberação de quase 100 presos, contando internos que cumpriam pena nos regime aberto e semi-aberto”, disse.

No último fim de semana, a PM registrou quatro assaltos. O primeiro assalto ocorreu por volta das 17 horas de quinta-feira (5). Dois homens entraram em uma revendedora de pneus e serviços de manutenção em veículos – situada na avenida Capitão Olinto Mancini. Renderam os funcionários e, sem serem percebidos pelos clientes, fugiram levando em torno de R$ 3 mil.

No fim de semana, o funcionário de uma rede de farmácias, localizada na mesma avenida, também foi vítima de um assalto. Enquanto um dos suspeitos aguardava do lado de fora, em uma motocicleta, um homem armado invadiu o local e anunciou o assalto. O assaltante fugiu levando em torno de R$ 40 em dinheiro e uma corrente de um dos clientes.

Monari explicou que ainda não há provas de que os presos “recém saídos” tenham participação efetiva nos casos, mas enfatiza que a PM estará mais alerta. “Estamos com a atenção redobrada e vamos acompanhar os acontecimentos mais de perto, a partir de agora”, observou.

O comandante completou: “Pode haver ligação, mesmo que indireta. “Este [crescimento da violência] é um problema enfrentado por todos os municípios que tiveram o mutirão. Dourados também passou por isto. Em todo o Estado, foram 1,3 mil presos libertados, o que acaba influenciando de uma maneira ou outra. Hoje, a média de reincidência é de 70%”, comentou.

Segundo o comandante Monari, no mês passado foram registrados apenas 12 roubos pela Polícia Militar. Enquanto que, neste mês, quatro casos apenas em um fim de semana. “É importante destacar que a PM respeita a decisão dos juizes do Mutirão. Estes direitos são previstos em Lei, não há como questionar o trabalho feito. Mas a preocupação existe”, esclareceu.

MUTIRÃO

O mutirão carcerário do Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul teve início no mês de agosto, em Campo Grande. Em Três Lagoas, a ação teve início no dia 26 do mês passado. Seis juizes analisaram mais de mil processos de presos dos regimes fechado e semi-aberto e também de internos da UNEI. Além da análise dos processos, os juizes também vistoriaram todas as unidades prisionais do Município. O resultado não foi muito animador. A Penitenciária de Segurança Média foi a única elogiada, por ser a unidade mais nova. Já o Semi-Aberto foi criticado duramente pelos juizes.

A solenidade de encerramento do mutirão carcerário aconteceu na terça-feira (10) em Campo Grande e contou com a presença do secretário de Justiça e Segurança Pública, Wantuir Jacini e do juiz-auxiliar da presidência do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Erivaldo Ribeiro dos Santos.

Na solenidade, o representante do CNJ informou que o relatório final sobre as irregularidades nos presídios do Estado será apresentado à Sejusp, que terá o prazo de 30 dias para apresentar medidas para sanar o problema.