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Superexposição de casos de pedofilia prejudica vítimas e sociedade, afirma entidade

Mesmo com o uso de recursos para ocultar a identidade dos menores, ressalta Castro, os abusados acabam sendo reconhecidos em suas comunidades.

A superexposição e o sensacionalismo na abordagem de casos de abuso sexual de crianças e adolescentes acabam trazendo prejuízos para os envolvidos e para a sociedade. O alerta é do presidente da Fundação Criança Ariel de Castro, que é também membro do Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente).

Segundo ele, a maneira como o assunto vem sendo tratado pelos meios de comunicação e pela CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Pedofilia, no Senado, não é boa para as vítimas desse tipo de crime, nem para a sociedade.

Castro afirma, porém, que a divulgação dos casos é importante, porque encoraja as pessoas a denunciar mais. "Nunca o Disque 100 – serviço telefônico que recebe denúncias de exploração sexual contra crianças e adolescentes – recebeu tantas ligações como atualmente."

Ele atribui ao clamor gerado pela CPI da Pedofilia a alteração no Código Penal que, na prática, transformou o atentado violento ao pudor e o estupro em um único crime, com a intenção de aumentar a punição para os que cometerem o primeiro dos dois delitos. Entretanto, pessoas condenadas pelas duas modalidades acabaram tendo as duas penas reduzidas para apenas uma.

De acordo com Castro, outro problema é a exibição de vídeos de depoimentos das vítimas de abuso. Mesmo com o uso de recursos para ocultar a identidade dos menores, ressalta Castro, os abusados acabam sendo reconhecidos em suas comunidades.

O tratamento dispensado aos acusados de cometer tais crimes também é inadequado, na avaliação do conselheiro. Segundo ele, a exposição excessiva dessas pessoas viola seus direitos e pode prejudicar as investigações.