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Cientista político diz que é difícil separar quem não faz parte do esquema do mensalão

A afirmação foi feita em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional

O professor do Instituto de Ciências Políticas da Universidade de Brasília (UnB) Ricardo Caldas disse hoje (23) que o esquema do mensalão é uma rede complexa e profunda que contaminou a base aliada do governo e que é difícil separar quem não faz parte do esquema. A afirmação foi feita em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional.

“É muito difícil, nesse caso, separar o joio do trigo. É um exercício, quase que um desafio separar uma coisa da outra. Se existia o esquema, existia uma rede, ela funcionava e contaminou toda a base aliada Quem da base aliada não estava nesse esquema? Eu não tenho condições de dizer”.

O professor afirmou ainda que os membros da Câmara Legislativa do Distrito Federal estão mais preocupados com o marketing político do que com o interesse público e que a proposta de pedido de impeachment do governador licenciado José Roberto Arruda serviria apenas para evitar o processo de intervenção federal.

“Quando se deu conta de que poderia haver um processo de intervenção, a Câmara correu e agiu. Então, ela fez em um dia o que deixou de fazer em três meses. Ela não agiu do ponto de vista do interesse público, e sim para não manchar a imagem de seus membros. O processo de impeachment seria para evitar a intervenção, o objetivo da Câmara é proteger seus membros”.

Para ele, o ideal seria afastar todos os envolvidos, já que dois terços da Câmara fazem parte da base aliada do governo e isso teria reflexos no processo de sucessão. “Esse esquema contaminou todo mundo, e eu não sei se as eleições indiretas resolveriam isso, porque sempre a dúvida persistiria”, acrescentou.

Arruda (sem partido) e o vice-governador Paulo Octávio, que assumiu interinamente o governo, além de deputados distritais, são acusados de participação em esquema de corrupção no DF.