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Deputados usaram verba indenizatória na campanha de 2008

As informações foram obtidas em documentos secretos da verba indenizatória

Pelo menos sete parlamentares envolvidos com as eleições do ano passado usaram dinheiro da Câmara dos Deputados para alugar carros e aeronaves, e hospedar assessores em suas campanhas. As informações foram obtidas em documentos secretos da verba indenizatória dos quatro últimos meses de 2008 e divulgadas em uma reportagem do jornal “Folha de S. Paulo” publicada nesta terça-feira (24). No último ano houve eleições para prefeitos e vereadores no país.

De acordo com a reportagem, os recursos criados em 2001 pela Câmara e que são destinados para o reembolso de gastos com alimentação, combustível, hospedagem, aluguel de veículos e escritórios, por exemplo, diretamente relacionados ao exercício da atividade parlamentar, foram indevidamente utilizados por deputados como Fernando Gabeira (PV-RJ), Jader Barbalho (PMDB-PA), Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), Narcio Rodrigues (PSDB-MG), Giovanni Queiroz (PDT-PA), Fábio Ramalho (PV-MG) e Paulo Rocha (PT-PA).

Segundo o jornal, Gabeira gastou R$ 6.600 no aluguel do carro que o transportou durante a disputa pela Prefeitura do Rio. “Os caras andavam comigo em um Gol, não dava para colocar quatro pessoas”, disse o parlamentar. “Gabeira disse não considerar incorreta a atitude, porque a Câmara permite o aluguel de carros e porque ele repassou um carro seu (um Gol) para uso do gabinete”, informa a reportagem.

Jader Barbalho apresentou R$ 22,8 mil em notas fiscais de uma locadora de veículos. Um dos sócios da empresa relacionou o aluguel a ônibus e caminhões, e o gabinete disse que eles não foram utilizados em campanha, de acordo com a reportagem. O jornal lembra que o deputado participou entre outras, da eleição que elegeu o peemedebista Helder Barbalho, filho de Jader.

Paulo Abi-Ackel disse, de acordo com o jornal, que “transferiu o gabinete de Brasília para Governador Valadares”, sua base eleitoral, para coordenar as campanhas do seu partido em Minas. O deputado gastou R$ 8.898,52 com a hospedagem de sua equipe em uma pousada. “Se você é deputado, tem de participar das eleições municipais. Esse tipo de atividade é atividade do parlamentar. Eu não era candidato a nada”, afirmou Abi-Ackel.

Segundo a reportagem, Narcio Rodrigues apresentou R$ 2 mil em nota de hospedagem, em Minas, dois dias após o primeiro turno das eleições. “Toda minha base de campanha é na região de Frutal, é a minha terra. É muito difícil você dizer em que hora você está no exercício do mandato e em que hora você está em uma atividade partidária”, disse o deputado.

“Giovanni Queiroz gastou R$28.296,00 em cinco empresas de táxi aéreo”, informa o jornal. “[Se] eu negar que tenha voado para o encontro de demandas eleitorais, estarei mentindo”, disse o parlamentar.

A reportagem informa que Fábio Ramalho foi reembolsado pelo aluguel de helicópteros para “percorrer municípios de sua região nas semanas anteriores às eleições”, mas não divulga o valor. “Usei porque eu posso usar para deslocamento. Não é vedado. A não ser que fosse para a minha campanha”, disse o deputado.

Cinco dias após o segundo turno, Paulo Rocha gastou R$ 4.960,00 em um hotel de Belém, onde participou da campanha de José Priante (PMDB) à prefeitura, informa o jornal. Segundo a reportagem, “Rocha disse que seus assessores não atuaram na campanha, mas em trabalhos relacionados à sua atividade parlamentar: Eu estava na atividade eleitoral, eles não. Disse que os assessores sempre o auxiliaram em trabalhos no estado, e não só naquele período”.