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FHC: Plano Real consolidou Nação e nova fase democrática

Fernando Henrique destacou a importância da participação social para o sucesso do plano e a atuação do ex-presidente Itamar Franco

O sociólogo e ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso afirmou hoje, em sessão solene no Congresso em homenagem aos 15 anos do Plano Real, que o plano ajudou a consolidar a Nação brasileira e a construir uma nova fase democrática. A estabilidade da economia, lembrou, era uma demanda da sociedade. "Era visível, naquela altura, o cansaço com a inflação. Era tão visível que oito planos foram tentados antes do Real. O País aspirava por alguma coisa", disse o ex-presidente. O Plano Real entrou em vigor em 1º de julho de 1994.

Fernando Henrique destacou a importância da participação social para o sucesso do plano e a atuação do ex-presidente Itamar Franco. "Se não tivesse havido a determinação firme de Itamar em me manter como ministro, não seria possível manter o Plano Real. Ele tomou a decisão de me tornar ministro da Fazenda, para o que eu tinha pouca capacitação. Eu disse que ia tentar resolver três problemas: a inflação, a inflação e a inflação. Eu não sabia como resolver. Foi preciso juntar um grupo jovem de economistas que, a cada momento, tinha novas ideias", disse.

O ex-presidente afirmou, ainda, que só aceitou ser candidato a presidente da República em 1994 para dar continuidade ao Plano Real, que combateu a inflação. "O candidato opositor na época era contrário [ao plano]."

O presidente do Senado, José Sarney, afirmou que Plano Real é uma "libertação que vive o País" e elogiou os ex-presidentes Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso. Sarney disse que Itamar fez um grande governo ao implantar o Plano Real, mas que Fernando Henrique soube incorporá-lo à vida do brasileiro.

O senador também elogiou o ex-ministro da Fazenda Rubens Ricúpero, responsável pela pasta na época da implantação do plano econômico.

Presente na sessão, Ricúpero disse que sua contribuição foi modesta (ele foi ministro de março a setembro de 1994, durante o período de implantação do Plano Real). "Cheguei tarde e saí cedo. Apenas vivi um momento breve, mas intenso, que foi o de preparação e lançamento da moeda. Devo esse privilégio ao presidente Itamar Franco. Ele acreditou como ninguém acreditava", disse.

Estabilidade
Os autores do requerimento para a realização da sessão solene do Congresso, os líderes do PSDB na Câmara e no Senado, destacaram a importância da iniciativa para a estabilidade da economia brasileira. O deputado José Aníbal (SP) elogiou o fato de o plano ter sido negociado durante meses no Parlamento e por ter acabado com a inflação e com o processo de corrosão salarial no Brasil. Para o deputado, o Plano Real foi fundamental para que o Brasil pudesse enfrentar a atual crise financeira internacional em condições mais favoráveis que outros países.

O outro autor do requerimento – senador Arthur Virgílio (AM) – classificou o plano como uma "grande obra", estruturada sobre outros dois instrumentos além da moeda propriamente dita: o Fundo Social de Emergência, que permitiu a desvinculação de recursos do Orçamento da União para dar ao governo margem para remanejar ou cortar gastos considerados supérfluos, e a instituição da Unidade Real de Valor (URV), que serviu como indexador para todas as transações econômicas, com conversão obrigatória de valores baseados no dólar.

O senador destacou a necessidade de o País avançar em outras reformas para garantir que não "fique no meio do caminho" da estabilidade econômica, como as reformas tributária, fiscal, previdenciária e trabalhista.

Futuro
Assim como Arthur Virgílio, Fernando Henrique Cardoso afirmou que a estabilidade econômica não é suficiente para o crescimento da economia. O ex-presidente reconheceu que o Brasil hoje é respeitado, mas disse que, para continuar avançando, precisa chegar a um consenso sobre o que quer para o futuro. Em sua opinião, faltam ao País decência, frugalidade e simplicidade. "Não podemos continuar com tanta ostentação, com tanto desperdício, com tanta miudeza", declarou.

A formação da Nação, para ele, vai além do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] e depende também de poupança, em vez do consumo. Na sessão, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) defendeu o Governo Lula. Ele disse que, apesar de o processo de estabilidade do Brasil ter começado há 15 anos, o atual governo ajudou em sua consolidação.