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Leonardo Prudente, o deputado da meia, entrega carta de renúncia

Deputado foi flagrado em vídeo guardando dinheiro nas meias

O ex-presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal, Leonardo Prudente (sem partido, ex-DEM), entregou no final da tarde desta sexta-feira (26) à Mesa Diretora da Casa sua carta de renúncia. O deputado ficou famoso ao ser flagrado em um vídeo colocando nas meias dinheiro de um suposto esquema de distribuição de propina (veja vídeo ao lado). Prudente renunciou antes de ser notificado sobre o processo de quebra de decoro que corria contra ele. Por isso, não perde os direitos políticos. Para valer, a carta precisa ser lida em plenário.

O processo de quebra de decoro contra o “deputado da meia” foi aberto nesta quinta-feira (25). A Comissão de Ética da Câmara Legislativa aceitou, além do pedido contra Prudente, outros dois: um contra Eurides Brito (PMDB), flagrada colocando dinheiro em uma bolsa, e outro contra Junior Brunelli (PSC), protagonista do que ficou conhecida como "oração da propina". Dos dois, somente Eurides disse que não renuncia. Brunelli não se pronunciou a respeito até esta sexta.

Na carta de renúncia, Leonardo Prudente diz que foi "vítima de um modelo autofágico do Sistema Eleitoral Brasileiro no qual prevalece a hipocrisia" e pede que "a situação de hoje" seja "um exemplo aos candidatos que irão concorrer às próximas eleições." Ele afirma que errou "ao receber doação para campanha e não contabilizar."


O deputado da meia diz que sua família está experimentando "dor e sofrimento" e que renuncia para que "as prerrogativas do cargo não interfiram nas investigações e as apurações sejam feitas com isenção."

Prudente cita o ex-chefe da Casa Civil da Presidência, José Dirceu, que teria afirmado em "recente entrevista" que "mensalão não é corrupção e sim financiamento de campanha com caixa 2".

"Mensalão, atividade da qual nunca tomei parte, é corrupção sim e financiar campanha com caixa 2 é ilegal", disse o deputado, na carta de renúncia.


No lugar de Prudente, assume o mandato o suplente Raad Massouh (DEM).

O deputado da meia saiu da presidência da Câmara em janeiro, após voltar por pouco tempo de uma licença. No final de novembro, logo depois de o escândalo do mensalão do DEM de Brasília vir a tona, ele afirmou que havia colocado o dinheiro nas “vestimentas” por uma “questão de segurança.” A saída de Prudente da presidência possibilitou a eleição para o cargo do atual governador interino, deputado Wilson Lima (PMDB). 

Carta

Mais cedo nesta sexta, Prudente enviou 10 mil cartas em tom de despedida aos que ele chama de "amigos de Brasília."

Na carta, o "deputado da meia" diz que reconhece que as imagens são "muito fortes" e afirma que a "oração da propina" não tem vinculação com o vídeo em que ele é visto recebendo dinheiro do suposto esquema que ficou conhecido como mensalão do DEM de Brasília. Ele pede "sinceras desculpas pelo constrangimento" que "essa situação provocou." No texto, Prudente diz que espera "que você e sua família que possam estar desvencilhados de prejulgamentos e que avaliem com serendidade" o que ele chama de "julgamento da mídia."

"Já admiti publicamente e reafirmo que errei, e estou pagando um preço muito alto, mas tenho a certeza que as investigações irão revelar a verdade dos fatos e que o processo legal e a Justiça serão novamente restabelecidos", diz ele, que ficou conhecido como "deputado da meia." Não serei mais candidato a nenhum cargo eletivo em 2010, apenas desejo refutar os fatos inerentes à minha pessoa, colocando-os na forma verdadeira como eles ocorreram."

 

Mensalão do DEM
O escândalo do mensalão do DEM de Brasília começou no dia 27 de novembro, quando a Polícia Federal deflagrou a operação Caixa de Pandora. No inquérito, o governador afastado José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM) é apontado como o comandante de um esquema de distribuição de propina a deputados distritais e aliados.

Arruda está preso na superintendência da Polícia Federal desde o dia 11 de fevereiro por ordem do Superior Tribunal de Justiça (STJ), acusado de tentar subornar uma testemunha do caso. O vice-governador, Paulo Octávio, que assumiu o cargo interinamente, renunciou na tarde de terça-feira (23). Com a renúncia, o cargo de governador interino do Distrito Federal foi assumido pelo presidente da Câmara Legislativa, Wilson Lima.