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Manifesto da oposição pede afastamento de Sarney da presidência

As intervenções foram feitas nos debates que aconteceram no plenário após o discurso do presidente do Senado

O líder do Democratas (DEM-RN), José Agripino Maia (DEM-RN), informou hoje (5)  que o seu partido e o PSDB já assinaram um documento suprapartidário requerendo o afastamento temporário do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), até que se esclareça o possível envolvimento do parlamentar em denúncias, que já estão sob a apreciação do Conselho de Ética.

Agripino acrescentou que aguarda a assinatura ao documento das lideranças do PSB, PDT e PT, como teria sido acertado ontem em uma reunião no gabinete do presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE). O líder do PT, Aloizio Mercadante (SP), pouco antes da declaração de José Agripino, afirmou também no plenário do Senado que, em nenhum momento, recebeu proposta desses partidos para assinar qualquer manifesto pelo afastamento de Sarney, como divulgado pela imprensa.

As intervenções foram feitas nos debates que aconteceram no plenário após o discurso do presidente do Senado. Sérgio Guerra, por sua vez, disse que os partidos e parlamentares, que apóiam o afastamento de Sarney não cederão a qualquer tipo "de ameaça ou chantagem". Ele afirmou que todas as denúncias contra o parlamentar devem ser conduzidas no âmbito do Conselho de Ética.

O mesmo discurso foi adotado pelo senador Renato Casagrande (PSB-ES). Ele afirmou que o presidente do Conselho de Ética, Paulo Duque (PMDB-RJ), não pode "arquivar de forma monocrática" as denúncias e representações contra o presidente do Senado. Ele acrescentou que os argumentos apresentados hoje por José Sarney em plenário, rebatendo ponto a ponto as denúncias remetidas ao conselho, poderão ser feitas no colegiado.

No seu discurso, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), não poupou críticas à imprensa. Segundo ele, "na campanha" que tem sofrido para desestabilizá-lo, acusando-o por uma série de atos ilícitos, fraudaram a fita entregue a jornais e revistas para tentar vinculá-lo a fraudes investigadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), em contratos para obras no Aeroporto de Macapá (AP).

Segundo ele, nesta fita foi colocada uma pessoa que apresentou-se como o empreiteiro da Gautama, Zuleido Veras, que diz a frase "vai chegar na casa do Sarney já, já", em uma tentativa, segundo ele, de incluí-lo no esquema investigado. De acordo com Sarney, perícia feita pelo perito Ricardo Molina atesta que as conversas gravadas nestas fitas e encaminhadas á imprensa foram adulteradas.

O presidente do Senado também acusou um jornalista credenciado no Senado de ter "roubado" documentos do escritório de um empresário, que comprou parte de uma fazenda de sua propriedade. Sarney exibiu uma caixa com um DVD que, de acordo com ele, contém as imagens da forma como o jornalista teria inquirido o empresário e roubado o documento. O parlamentar não pretende, entretanto, divulgar o conteúdo do material a menos, acrescentou, que coloquem "sob suspeita" sua palavra.