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Luto

Morte de deputado gera comoção na política de MS

Poderes executivo, legislativo e judiciário decretaram luto oficial de três dias no Estado

Amarildo Cruz (PT) durante sessão na terça-feira(14) - Divulgação/Alems
Amarildo Cruz (PT) durante sessão na terça-feira(14) - Divulgação/Alems

A última sessão ordinária da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems) com a presença do deputado Amarildo Cruz (PT) foi registrada na terça-feira (14), horas antes do parlamentar ser hospitalizado. Amarildo Cruz não resistiu a uma infecção pulmonar que o levou a sofrer três paradas cardiorrespiratórias.

A morte do líder da bancada petista na Alems foi comunicada pela família no início da tarde desta sexta (17).  Em sua trajetória política, Amarildo defendeu as bandeiras da igualdade racial, habitação popular, saúde, educação, serviço público e meio ambiente. 

O presidente da Casa de Leis, deputado Gerson Claro (PP), se manifestou pelas redes sociais, enfatizou o legado e destacou as qualidades de Amarildo Cruz. “Deixa um legado de relevantes serviços prestados à sociedade sul-mato-grossense, como servidor público de carreira e parlamentar. Deputado atuante, desfrutava do respeito e da admiração de todos os pares no Legislativo pela atuação coerente na defesa das suas ideias. Tolerante com as diferenças, era sobretudo, respeitoso, educado e simpático no trato com todos os que tiveram o privilégio de compartilhar da sua companhia”, publicou.

Amarildo Cruz e Pedro KempAmigos há quatro décadas, Amarildo Cruz e Pedro Kemp – Foto: Acervo/Alems

O deputado estadual Pedro Kemp (PT) esteve reunido com Amarildo Cruz antes dele ser internado e disse não ter percebido qualquer sinal de que o colega de bancada estivesse doente. Kemp lembrou que perdeu um grande amigo. “Nos conhecíamos há 40 anos militamos juntos. Fomos parceiros no governo Zeca do PT e também atuamos em várias legislaturas. Ele sempre foi muito combativo, muito atuante, defensor da classe trabalhadora, das minorias. Tinha uma marca na defesa do combate ao racismo e na questão do Meio Ambiente. Era muito comprometido com essas causas. Ele deixa um legado, deixa a sua marca como deputado. Muito responsável, ético, comprometido com a melhoria da qualidade de vida do nosso povo, principalmente com os mais humildes”, destacou Kemp.

O presidente do Partido dos Trabalhadores no Estado, Vladimir Ferreira, lamentou a morte do parlamentar destacando a falta que ele fará na política estadual. “Amarildo era um dirigente preparado, com qualidade técnica, qualidade jurídica, que construiu ao longo de sua trajetória. Desde muito jovem se envolveu na luta em defesa da democracia”, disse.

Zeca do PT e Amarildo Cruz durante sessão Zeca do PT e Amarildo Cruz durante sessão – foto: Acervo/Alems

O deputado estadual e ex-governador Zeca do PT, que também esteve internado durante esta semana para tratamento cardíaco, recebeu a notícia no leito do hospital. Zeca conheceu Amarildo na militância e se pronunciou em nota. “Foi um companheiro leal, um homem determinado, uma pessoa sonhadora. Sempre trabalhou para conquistar espaços em prol da luta por uma sociedade mais justa, mais humana e mais solidária”, informa o texto.

O líder do G-10, maior bloco parlamentar da Alems, deputado Márcio Fernandes lembrou de quando foi eleito pela primeira vez, no pleito de 2006. “Fomos eleitos juntos no primeiro mandato e ele sempre muito solícito aos colegas e, recentemente, estávamos trabalhando junto ao governo do Estado”, disse em nota.

O deputado federal Vander Loubet (PT) disse que hoje é “um dia triste para o Partido dos Trabalhadores em Mato Grosso do Sul. Depois do desencontro de informações de ontem, sobre o estado de saúde de Amarildo Cruz, infelizmente foi confirmada pela família a notícia de seu falecimento”, lamentou, referindo-se às Fake News sobre a morte do parlamentar que geraram revolta entre amigos e familiares na quinta-feira (16).

Loubet ainda destacou o entusiasmo de Amarildo com o trabalho parlamentar: “É uma grande perda, uma partida prematura, não só porque tudo aconteceu muito rápido, de terça-feira pra cá, mas principalmente porque o Amarildo era uma figura com disposição de sobra para trabalhar pelo Mato Grosso do Sul e pelas nobres pautas que defendia como cidadão e político”, lamentou.

O governador Eduardo Riedel lembrou que, como ele, o deputado "também escolheu Mato Grosso do Sul para viver e fincar raizes. Amarildo sempre foi sensível às causas sociais e seu legado ficará marcado na história do Estado", publicou Riedel.

O Procurador-Geral de Justiça, Alexandre Magno Benites de Lacerda, do Ministério Público de Mato Grosso do Sul destacou que Amarildo era um “homem honrado, republicano, sempre dedicado as causas públicas, especialmente das pessoas mais carentes. Fará muita falta com sua combatividade, proatividade e seu amor pelo povo sul-mato-grossense”, afirmou Magno.

O presidente do Tribunal de Justiça do Estado, desembargador Sérgio Fernandes Martins também se proncunciou. “Perde a Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul e a população sul-mato-grossense um atuante e combativo parlamentar, engajado principalmente nas causas da igualdade racial, do meio ambiente e dos servidores públicos" lamentou. 

Os poderes legislativo, executivo e judiciário, incluindo o Ministério Público Estadual, decretaram luto oficial de três dias pela morte do parlamentar. O corpo do deputado foi velado no salão principal do Palácio Guaicurus, sede do legislativo Estadual, e, na manhã deste sábado, dia 18, transladado para a cidade de Presidente Epitácio, no interior de São Paulo, onde será sepultado. 

A Mesa Diretora da Alems designou uma comissão parlamentar para acompanhar e representar o poder legislativo estadual na cerimônia fúnebre. A comissão, formada pelos deputados Junior Mochi (MDB), Pedro Kemp (PT) e Pedrossian Neto (PSD), acompanhará o cortejo até a cidade natal de Amarildo. 

Amarildo Cruz tinha 60 anos e deixa a mãe, uma companheira e três filhos.

"Deputado atuante, desfrutava do respeito e da admiração de todos os pares do Legislativo pela atuação coerente na defesa das suas ideias" – Gerson Claro, presidente da Alems.

"Amarildo sempre foi sensível às causas sociais e seu legado ficará marcado na história do Estado" – Eduardo Riedel, governador de MS 

Ele sempre foi muito combativo, muito atuante, defensor da classe trabalhadora, das minorias” – Pedro Kemp, deputado estadual

 “Foi um companheiro leal, um homem determinado, uma pessoa sonhadora” – Zeca do PT, deputado estadual e ex-governador

 “Amarildo era um dirigente preparado, com qualidade técnica” – Vladimir Ferreira, presidente regional PT/MS

Fará muita falta com sua combatividade, proatividade e seu amor pelo povo sul-mato-grossense” – Alexandre Magno Lacerda, Procurador-Geral de Justiça MPE-MS

"Perde a Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul e a população sul-mato-grossense um atuante e combativo parlamentar" – Sérgio Martins, desembargador presidente TJMS

TRAJETÓRIA E FEITOS 

Amarildo Valdo da Cruz nasceu em Presidente Epitácio, interior de São Paulo, em 29 de julho de 1962. Mudou-se para Mato Grosso do Sul aos 18 anos, quando foi aprovado em concurso público de fiscal tributário estadual.

Ajudou a estruturar o Sindicato dos Fiscais Tributários Estaduais do Estado de Mato Grosso do Sul (Sindifiscal) e a carreira de Fiscal Tributário Estadual em MS. Implementou os Práticos e a Nota Fiscal Premiada. 

Formado em Direito, cursou Ciências Contábeis com pós graduação  em Gestão Pública e especializou-se em Ciência do Direito.  Filiado ao Partido dos Trabalhadores desde 1984, quando tinha 21 anos, ocupou os cargos de presidente e tesoureiro no diretório estadual do partido.

Foi diretor-presidente da Agência Estadual de Habitação (Agehab), entre os anos de 2003 e 2006, comandando mais de 40 mil ações na área de Habitação. 

Foi eleito pela primeira vez em 2006, como deputado estadual, com quase 18 mil votos. Em 2010, concorreu à reeleição, ficando como 2º suplente em sua coligação.

Em 2012 assumiu a Superintendência do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis em Mato Grosso do Sul (Ibama-MS).

Em 2013, retornou ao Parlamento Estadual, tendo como destaque em sua atuação a presidência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde, a qual investigou irregularidades nos recursos repassados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), para unidades hospitalares de 11 municípios de Mato Grosso do Sul. Foi reeleito para o terceiro mandato na ALEMS, em 2014.

Como primeiro suplente do PT, em 1º de junho de 2021 assumiu pela quarta vez  cargo de deputado estadual, após o falecimento do deputado estadual Cabo Almi, em decorrência da Covid-19.

No ano passado, Amarildo foi reeleito para seu quinto mandato, com 17.249 votos, participando da atual 12ª Legislatura como líder da Bancada do PT.

ALGUNS PROJETOS EMBLEMÁTICOS

Em 2015, propôs uma emenda ao Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) da Constituição do Estado de Mato Grosso do Sul. A emenda visava destinar 1% das receitas correntes líquidas do estado para a implantação de um Fundo Estadual de Habitação de Interesse Social (FEHIS). O objetivo desse fundo era financiar políticas públicas e ações voltadas para a habitação popular, atendendo às necessidades de famílias de baixa renda. Moradia digna para todos, principalmente aos mais vulneráveis, como forma de reduzir o déficit habitacional no estado. Foi uma bandeira sempre defendida por ele. 

Lei n. 5.237 de 2018 – que trata da criação do Programa Estadual de Preservação, Proteção e Recuperação Ambiental do Complexo dos Poderes e do Parque Estadual do Prosa, como forma de assegurar proteção à área de conservação que abriga diversas espécies da fauna e flora local.

Lei nº 4.900, de 27 de julho de 2016 – Altera e acrescenta dispositivos à Lei nº 3.594, de 10 de dezembro de 2008. Com a nova redação proposta pelo deputado e sancionada, como medida de promoção da igualdade de oportunidades no mercado de trabalho, o programa de reserva de vagas para negros e para índios, nos concursos públicos, ampliando as cotas de 20% para negros; e de 3% (três por cento) para índios.