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"Não deve haver Conselho de Ética como se fosse um Fla-Flu"

Marisa Serrano compara a reunião do Conselho de Ética com partida de futebol

Em discurso antes da reunião do Conselho de Ética, nesta quarta-feira (5), a senadora Marisa Serrano (PSDB-MS) disse que os 15 integrantes daquele órgão não deviam se portar "como se [a reunião] fosse um Fla/Flu, como se tivessem duas torcidas: situação e oposição".

– Se os quinze membros que estiverem sentados no Conselho de Ética não colocarem a dignidade, o caráter, a moralidade acima de interesses pessoais, vamos dar um péssimo exemplo para o país. E vamos dizer, sim, aquilo que alguns pensam: que valem o grito, a chantagem, o constrangimento – advertiu a senadora.

Marisa Serrano salientou que a idade dos senadores não permite que aceitem isso, e convocou a todos a mostrarem à nação "aquilo que o Senado sempre foi: a Casa do equilíbrio, do diálogo, daqueles que querem o melhor para o Brasil".

A senadora, que também integra o Conselho de Ética, disse que não gostaria de participar de um conselho que seja "um circo". Para ela, o conselho deve "analisar fatos" e julgar se os senadores envolvidos "romperam com o pacto da justiça, da transparência, do respeito aos princípios republicanos".

Marisa Serrano afirmou que a sociedade brasileira já chegou a um consenso: o Senado chegou "ao fundo do poço". Por isso, continuou, os senadores devem preservar a instituição e, respaldados pela justiça e pelo direito, separar o que pertence ao interesse público e a que está afeito aos interesses particulares.

– O que está em julgamento hoje no Conselho de Ética é um modelo de se fazer política no Brasil. O que está aqui colocado de forma cristalina é se vamos compactuar com o Brasil arcaico, ou vamos romper com tudo aquilo que representa práticas do chamado patrimonialismo da política brasileira – disse.

A parlamentar lembrou que todos os senadores têm recebido mensagens eletrônicas da população questionando o futuro do Senado.

– Eu tenho medo de que aqueles que não aceitam investigação possam seguir numa direção que termine reforçando os terríveis equívocos que permeiam o tecido social – de que somos uma sociedade do vale-tudo, de que os vencedores são sempre os espertos, de que a ameaça e o constrangimento são armas legítimas para quem puder se dar bem. Isto nós não podemos aceitar: que somos uma sociedade do vale-tudo, em que se ganha no grito, em que não se discute e que não tem compromissos com o diálogo – afirmou a senadora.