Senadores das comissões de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) do Senado e de Agricultura da Câmara dos Deputados estão em Belém onde realizam nesta tarde audiência pública para discutir a crise enfrentada por pecuaristas e frigoríficos do Pará e seus reflexos no setor da carne brasileira.
Na reunião, será discutida decisão de grandes redes de supermercados de suspensão de compra de carne proveniente de criações ilegais de gado em áreas desmatadas da Amazônia. A decisão das empresas atacadistas foi motivada por recomendação do Ministério Público Federal, enviada a 69 grandes grupos revendedores de carne bovina e de derivados do boi e a fabricantes que utilizam essa matéria-prima, sugerindo que fosse evitada a comercialização de produtos com origem em criações ilegais de gado em áreas desmatadas.
Conforme informações divulgadas no site do MPF no Pará, 35 empresas já aderiram ao "boicote aos bois do desmatamento", entre as quais Pão de Açúcar, Carrefour, Wal-Mart, Vicunha Têxtil,Vulcabrás, Ypê, Sadia e Gelita do Brasil, esta última responsável pela produção de 15% de toda gelatina consumida no mundo.
Em debate realizado pela CRA no dia 23 de junho, representantes da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) e da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) reclamaram de excessos na ação do Ministério Público e da organização não-governamental Greenpeace. Abiec e CNA afirmaram, no debate, que poderão ingressar com ação na Justiça para resolver impasse.
Para a governadora do Pará, Ana Júlia Carepa, os produtores rurais do estado estão sendo vítimas de injustiça. Ela informou que faltam apenas detalhes para a assinatura de um termo de conduta "mais flexível" em relação à lista de compromissos sugeridos pelo Ministério Público para pecuaristas e frigoríficos.
De acordo com o presidente da CRA, senador Valter Pereira (PMDB-MS), deverão ser ouvidos na audiência pública em Belém, entre outros, representantes do Ministério Público Federal e do Greenpeace.
