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PDT e PSB pressionam Lupi a aceitar ser vice de Ciro Gomes

Um dos pedetistas mais empenhados em reeditar a parceria com o PSB é o deputado Paulo Pereira da Silva

Dirigentes nacionais do PDT e do PSB estão pressionando o ministro do Trabalho e presidente licenciado do partido, Carlos Lupi, a aceitar o posto de vice na chapa presidencial do deputado Ciro Gomes (PSB-CE). A aliança é fundamental para dar viabilidade à candidatura do PSB porque os socialistas têm garantido apenas 1 minuto e 11 segundos de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão. Este tempo poderá até dobrar com a divisão, entre todos os candidatos, da sobra de minutos destinados aos partidos que não entrarem na corrida sucessória, mas ainda assim não será suficiente para garantir um palanque eletrônico que dê sustentação. 
 

A tese defendida pelos dirigentes do PDT é a de que a candidatura Ciro é útil ao Planalto porque garante a presença de uma alternativa da base governista no segundo turno na corrida presidencial. Como o PT e o presidente Lula ainda insistem na tese de que o melhor seria manter a base unida em torno de um só candidato – a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff -, o ministro do Trabalho nega que tenha interesse em compor chapa com o PSB.

 

Um dos pedetistas mais empenhados em reeditar a parceria com o PSB é o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), que foi vice de Ciro em 2002. Ele admite que "a convivência com o candidato a presidente não foi muito fácil", mas observa que Ciro "amadureceu muito" nesses oito anos. "Será uma chapa muito melhor do que nós dois fomos", aposta o deputado.

 

Coube ao ex-vice Paulinho, da Força Sindical, telefonar ao ministro para transmitir a preocupação de Ciro, que lhe pedira ajuda para convencer Lupi a aceitar a missão. "O jogo nem começou e você já está descartando a chapa com Ciro?", questionou o deputado. Lupi recomendou que ele lesse com cautela as declarações que dera sobre a questão da vice e corrigiu: "Eu não descartei nada".

 

O PSB também não aceita a negativa de Lupi, com a justificativa de que a candidata do presidente Lula é a ministra Dilma. "A base aliada tem que compreender que é mais provável que a Dilma seja a candidata do governo que vai disputar o segundo turno, mas que tem que permitir que o Ciro participe da disputa", apela o presidente de honra do PSB, Roberto Amaral. Ele argumenta que a candidatura Ciro só será uma alternativa de fato se for viável e frisa que a candidatura só será viável dentro da base.

 

"Ou Ciro sai como candidato da base, com o pressuposto de continuidade do projeto, ou não será candidato", diz Amaral. Uma das vantagens que os socialistas veem na candidatura de Ciro sobre Dilma é o fato de ele ter muito mais liberdade para confrontar com o pré-candidato da oposição e governador de São Paulo, José Serra. Na condição de ministra que se relaciona institucionalmente com o governador, avaliam, a candidata Dilma tem que ser mais contida.

 

A direção do PSB sabe que o ministro Carlos Lupi só aceitará compor a chapa presidencial com o candidato socialista se o presidente Lula concordar com a operação. Pondera, no entanto, que tanto o Planalto quanto os partidos da base governista precisam compreender que a candidatura Ciro é útil para o governo e mais: "Pode ganhar esta eleição", adverte Amaral, ao destacar que os socialistas não entrarão no jogo sucessório como "coadjuvantes".

 

O presidente de honra do PSB adverte também que o projeto Lula corre "muito risco" se a eleição for definida no primeiro turno. O raciocínio neste caso é de que, além de garantir o segundo turno, a candidatura Ciro garante que um governista estará na disputa final, seja ele ou a ministra Dilma.