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Presidente eleito diz que Brasil terá de reconhecer legitimidade do pleito em Honduras

As informações são do jornal chileno La Tercera, que publicou hoje (2) uma entrevista de página inteira com Pepe Lobo

O presidente eleito de Honduras, Porfirio Lobo, conhecido como “Pepe”, disse que não aceitará interferências externas no seu governo, em um recado direto para o Brasil e a Venezuela. Pepe Lobo afirmou que “o Brasil vai retomar a razão” e reconhecer a legitimidade das eleições por pressão da realidade política hondurenha, que, segundo ele, teria comprovado o respeito aos princípios democráticos.

As informações são do jornal chileno La Tercera, que publicou hoje (2) uma entrevista de página inteira com Pepe Lobo. Na entrevista, o presidente eleito afirmou que: “O Brasil irá aceitar a realidade com o tempo. O Brasil vai retomar a razão à medida que se dê conta da realidade. A realidade é que as eleições reforçaram a nossa democracia.”

A notícia foi reproduzida pela imprensa hondurenha, que destacou a frase de Pepe Lobo sobre o Brasil e a intenção do presidente eleito de iniciar um processo de governo de unidade com a inclusão do presidente deposto, Manuel Zelaya.

“Minha convocação é aberta. Não posso começar fazendo exclusões, porque isso tira a legitimidade da própria convocação. Há um processo que está em curso e deve seguir, por isso, convoco um diálogo amplo que tome conta das sensibilidade inclusive de quem esteve do outro lado nos últimos meses”, disse Pepe, na entrevista ao jornal chileno.

Ontem, o o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reiterou que o Brasil rejeita os resultados das eleições em Honduras, realizadas no último domingo, e não pretende dialogar com Pepe Lobo – que foi eleito pela coligação de oposição ao presidente deposto, Manuel Zelaya.

“A reunião não precisaria ter uma posição conjunta. Não somos instância de deliberação sobre Honduras”, disse Lula. “O problema agora é muito mais de Honduras do que do Brasil.” Em seguida, ele acrescentou: “O golpista [Roberto Micheletti, presidente do Congresso Nacional, que assumiu a Presidência de Honduras em 28 de junho deste ano, com a deposição do presidente Zelaya] agiu cinicamente, deu um golpe no país e convocou eleição quando não tinha o direito de fazê-lo. Não dá para fazer concessão a golpista.”

Na entrevista, Pepe Lobo afirmou ainda que não permitirá a ingerência do governo da Venezuela, que apoiou Zelaya – abrigado na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa desde 21 de setembro. “Que [Hugo Chávez] não intervenha em Honduras porque não vamos permitir isso. Somos cuidadosos com a nossa soberania”, disse ele.