Veículos de Comunicação

Entrevista

Simone Tebet assume a temida CCJ

Ex-prefeita de Três Lagoas vence batalha interna no MDB e ocupa a Presidência da comissão mais importante do Senado

Exemplo de mulher que venceu desafios e conquistou cargos até então ocupado por homens, primeira mulher a administrar Três Lagoas, primeira vice-governadora do Estado, e agora, primeira a presidir a comissão mais importante do Senado. A três-lagoense Simone Tebet, que protagonizou disputa inédita pela Presidência do Senado, em uma batalha interna com Renan Calheiros (AL) dentro do MDB, foi escolhida para presidir a temida e desejada Comissão de Constituição e Justiça do Senado – a mais importante da casa. Na entrevista, a filha do ex-senador Ramez Tebet fala desse novo desafio.

                
Jornal do Povo – O que significa assumir a CCJ?
Simone Tebet –
Um orgulho imenso e uma enorme responsabilidade. É nestes momentos de crise que a história nos chama mais alto. A CCJ é um lugar de travessia, por onde vão passar as principais questões que, se depender da minha dedicação, poderão nos levar a caminhos mais seguros. Uma pauta econômica que possa gerar os empregos que faltam para 12 milhões de brasileiros, ou 17 milhões, se incluirmos os que já foram abatidos pelo desalento; a pauta da previdência, legado que recebemos das gerações passadas, e que cabe a nós transmitir às gerações futuras; a pauta da segurança, para que possamos atacar as causas do problema da violência, que tanto nos aflige; uma reforma tributária que permita diminuir o peso e a lentidão de um Estado que deixou de cumprir seus deveres mais básicos, como saúde, educação, moradia. Enfim, uma árdua e espinhosa travessia, mas que, sabemos, poderá nos levar a um bom destino.  

JP – A senhora é a primeira mulher nesse cargo. O que representa isso para as mulheres?
Simone –
Verdade. Somos a maioria da população e dos eleitores e não temos o reconhecimento devido, principalmente na política. Mas isso vem mudando. Sou grata à vida por me permitir lançar sementes, como primeira prefeita de Três Lagoas, primeira vice-governadora, primeira líder da maior bancada do Senado e, agora, primeira mulher a comandar a comissão mais importante da Casa. Espero poder corresponder às expectativas das mulheres do meu País, do meu Estado e, em especial, das minhas conterrâneas de Três Lagoas. A mulher está no começo, no meio e no fim de todas as caminhadas da vida.
  
JP – A senhora já pensava em assumir esse cargo? 
Simone –
Acho que minha atuação na própria CCJ pavimentou esse caminho. Desde que cheguei ao Senado, fui indicada para ser integrante da Comissão, como membro titular. Tive a oportunidade de relatar muitos projetos importantes, como nas questões ligadas à segurança pública. Neste caso, foram cerca de 40 matérias, relatadas, discutidas e votadas. Também atuei muito na pauta feminina e em outros temas relevantes para o País, em variados temas, como moradia, educação, saúde, saneamento, infraestrutura, segurança. Tive o reconhecimento dos meus pares, nas manifestações de apoio às minhas teses. Esse reconhecimento me inspira agora a levar adiante os trabalhos da Comissão, neste momento tão importante do Brasil. 

JP – A senhora está trilhando caminhos de seu pai, o senador Ramez Tebet. Era a vontade dele?
Simone – Foi pelas mãos seguras do meu pai que eu tomei o caminho da política. Foi ouvindo as conversas de porta entreaberta dele com o doutor Wilson [Barbosa Martins – ex-governador de MS] que eu aprendi a fazer a boa política, e com a inspiração que ainda vem dele, na saudade que é plenitude, que eu continuo neste mesmo caminho. Espero que eu continue merecendo, e cumprindo, a vontade dele. Vontade minha não falta, porque assim continuarei a honrar o legado que ele me deixou. 

JP- A senhora pretende ser presidente da República, ou  disputar o governo de MS?
Simone –
Não somos senhores dos nossos sonhos. Mas não posso negar que muitos dos meus sonhos passados foram realizados; certamente um dos que mais me realizaram foi ser prefeita, por duas vezes, da minha terra. Quanto ao futuro, melhor me dedicar e ser uma senadora que representante e procure realizar os sonhos e os anseios de todo o povo do meu Estado de Mato Grosso do Sul. Nunca pelo poder em si, mas para poder servir, cada vez mais e melhor.