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Entrevista

'Temos que fazer uma discussão mais aprofundada sobre violência nas escolas

Presidente do MDB, em entrevista a CBN Campo Grande, falou sobre a questão da violência nas escolas e sobre o futuro do MDB

Deputado estadual e presidente do diretório do MDB, Junior Mochi. - Divulgação/CBN
Deputado estadual e presidente do diretório do MDB, Junior Mochi. - Divulgação/CBN

A violência nas escolas é um dos assuntos mais comentados nas últimas semanas em decorrência dos ataques registrados em colégios de algumas cidades do país, assim como das ameaças divulgadas em redes sociais. Esse foi um dos assuntos abordados nesta semana durante o Jornal CBN Campo Grande, que entrevistou o presidente do diretório estadual do MDB e deputado estadual Junior Mochi. Acompanhe trechos da entrevista que pode ser conferida na integra no portal de notícias RCN67
O senhor está no quarto mandato de deputado estadual. O que o senhor destaca nesses anos de parlamento que mudaram a realidade do cidadão sul-mato-grossense?

Junior Mochi Foram inúmeros os projetos nas mais diversas áreas. Normalmente todos os projetos de lei que eu apresentava, precedentemente a ele, realizávamos audiências públicas em relação ao tema que seria tratado com técnicos, especialistas e com as pessoas diretamente envolvidas. A partir deste diagnóstico, trabalhávamos no projeto de lei. Eu destaco que, em uma dessas audiências públicas, surgiu um dado que, naquela época, foi extremamente importante, que 20% dos casos de repetência, de evasão, se davam porque as crianças tinham algum tipo de deficiência ocular ou auditiva. Então, como poderíamos contribuir? Através de uma lei para que isso pudesse ser enfrentado. Então, criamos o Programa Ver e Ouvir para Aprender.

Portanto, destaco esse projeto porque recebi um prêmio a nível nacional, de reconhecimento ao legislador, como um dos melhores projetos do país. Esse projeto prevê que todas as escolas de séries iniciais estariam obrigadas a realizar nos primeiros meses do ano o teste de acuidade visual e auditivo. Em caso de identificação de problema, deve-se encaminhar as crianças para a rede pública para fazer o exame com os especialistas para então receber o aparelho  auditivo ou os óculos e corrigir essa falha. Os professores em si não estão preparados para esse tipo de diagnóstico. É preciso que tenhamos uma ação efetiva para reduzirmos isso. E de fato, isso aconteceu. Fiquei feliz porque o próprio governo do Estado começou a realizar esse trabalho nas escolas e deu resultado extremamente positivo.

E o rendimento escolar por consequência melhorou?
Junior Mochi Claro, diminui a evasão e aumentou a taxa de aprovação. Normalmente se acha que a criança tem algum déficit de atenção, e na verdade, às vezes, é uma coisa mais simples.

Estamos falando atualmente de segurança nas escolas e desde então, desde aquela época, o senhor já tinha uma preocupação?
Junior Mochi Em 2010, criamos um grupo de enfrentamento de violência nas escolas. Esse grupo era composto por representantes da Fetems, da Secretaria de Educação, da Secretaria de Segurança Pública, da Secretaria de Assistência Social, da Polícia Militar, enfim um grupo enorme, inclusive com a UFMS, para discutirmos de fato essa questão da violência.  Hoje, 13 anos depois, o que mudou?
Naquele período, em 2010, não tínhamos tanto acesso as redes sociais. As crianças não tinham esse acesso. Não tínhamos tantos aplicativos com conteúdo impróprios para influenciar as crianças e adolescentes. As redes sociais trouxeram avanço, tem o lado positivo, mas também o negativo. 

O senhor enquanto deputado o que poderia contribuir com esse processo neste momento?
Junior Mochi Essa discussão tem que ser aprofundada. Não tem apenas uma origem, não tem apenas um viés. Não temos uma fórmula mágica. Mas algumas ações estão sendo tomadas em função da premência da situação, como o videomonitoramento e o botão de pânico. Com isso, você enfrenta a consequência e não as causas. Desde aquela época quando precisamos criar um observatório junto a Universidade Federal, era para poder identificar, as causas da violência, que não está apenas nas escolas dos bairros, mas nas do centro também, assim como nas particulares. É importante que consigamos identificar e discutir essas questões.  Que possamos traçar metas.

O senhor quando foi presidente da Assembleia promoveu grandes debates a respeito da primeira infância. Isso é importante né?
Junior Mochi Acho que essa questão da primeira infância é fundamental para esta outra fase. Os valores fundamentais se formam na primeira infância, então quando temos uma criança que recebe amor dos pais, acompanhamento, que tem a família como base, dificilmente, a criança o adolescente se deixa se envolver na outra fase. Então, todo esse trabalho é fundamental. Hoje temos uma sociedade muito reagente, mas as coisas não são da noite para o dia. Temos que fazer uma discussão mais aprofundada sobre a questão. Precisamos identificar as causas da violência. É importante identificar, trazer para dentro dessa discussão as famílias, as igrejas e instituições não governamentais. Precisamos ter uma união e traçar ações que vão ao encontro das causas.

Falando agora de política, o MDB está se organizando para disputar o pleito aqui no Estado?
Junior Mochi O MDB sempre foi um partido que tem muita capilaridade, sempre esteve presente em todos os municípios com diretórios, ou comissões provisórias. É natural que esse processo de restruturação do MDB passe pelas eleições municipais. Fizemos uma reunião no último sábado com os dirigentes e lideranças do nosso partido para entendermos e termos dimensão da nossa realidade. Pretendemos lançar chapa de vereadores nos 79 municípios e, pelo menos, um vereador em cada cidade. Queremos aumentar o número de candidatos a prefeitos com chances de serem eleitos. 

A Prefeitura de Campo Grande é uma prioridade?
Junior Mochi- A Prefeitura de Campo Grande é hoje, sem dúvidas, na próxima eleição, a que é visada por todos. Campo Grande, além de ser capital, representa mais de um terço do nosso eleitorado. É natural que o partido elegendo o prefeito, tenha condições de repercutir isso nas próximas eleições.

O candidato do MDB seria a prefeito ou vice?
Junior Mochi Não definimos, é essa discussão que estamos fazendo. Não estamos fazendo de forma impositiva, vamos fazer pesquisa de opinião pública e, em cima disso, realizando as parcerias que forem necessárias, para aquele que for escolhido candidato, seja competitivo o suficiente com chances de ganhar. Não queremos e não precisamos de candidato para marcar posição, queremos candidato que seja competitivo, que tenha chances de vencer e que consiga construir um projeto político que vai ao encontro dos anseios da população.