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Editorial

Um ano eleitoral

Leia o Editorial publicado na edição do Jornal do Povo deste sábado

É, naturalmente, muito difícil para o brasileiro acreditar que o Congresso Nacional, câmaras de vereadores e prefeituras, além dos governos dos Estados e o federal, terão um ano de trabalho normal, sem interrupções prolongadas ou até mesmo só o suficiente para suprir todas as necessidades do país. Este ano é de eleições municipais e, por si só, isso já representa ao menos dois meses de ritmo lento em todo o pode público. Essa paradeira é cultural brasileira e não terá conserto dentro do modelo eleitoral do país.

A cada dois anos, o eleitor é chamado a voltar às urnas. Em 2018, o país escolheu presidente da República, governadores, deputados e parte dos senadores do Congresso atual. Agora é a vez de eleger 5,4 mil prefeitos e mais de 60 mil vereadores. 
As jornadas eleitorais são, comprovadamente, períodos de intensa negociação entre partidos ao mesmo tempo em que provocam o maior gasto de dinheiro público possível. Para este ano são mais de R$ 2 bilhões a reserva aos partidos para as eleições. Por pouco esse valor não foi o dobro. Não fosse só isso, é preciso levar em conta que as sessões legislativas se tornam relâmpagos, o andamento de projetos entra em marcha lenta e as ausências ajudam a emperrar a máquina. 

O Brasil se acostumou a isso. E também se habituou à falta de busca por alternativas, apesar da consciência de que o sistema eleitoral precisa de reformas ainda maiores que as feitas entre 2015 e 2017. Uma coincidência de eleições, por exemplo, representaria menos gastos, mesmo que isso obrigasse o país a adotar, mais uma vez, o regime de “mandato tampão”, como foi necessário em 1980 quando os mandatos foram estendidos por mais dois anos. Mas, esse assunto parece só fazer parte de artigos como esse, sem chance de prosperar.  

Considerando os 104 dias de finais de semana, 12 feriados e ao menos mais 20 dias de “pontos facultativos” das “pontes” de feriados com sábados e domingos, os dois meses da paradeira oficializada, entre agosto e o começo de outubro, levam o país a se condenar como um “terceiro mundista” assumido, que não se corrige nem se envergonha de suas mazelas.