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“Aqui não mora bicho, mora ser humano”, diz moradora do Córrego Anhanduzinho

Odislene mora no local há mais de 22 anos

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Sem residência e trabalho fixo, famílias vivem ao lado de córrego na capital. Desde os 14 anos de idade, Odislene Silva, que agora tem 36, mora em um pequeno barraco, com teto e paredes de lona, pedaços de sacos de lixo e cobertores velhos. “Já tenho muitos anos aqui e vejo que já passou muita gente, e a promessa das casas fica por isso mesmo, só promete e nada para a gente”, relata sobre a vida à beira do Córrego Ahanhaduizinho.

Odislene disse que não consegue sair do local, já que não tem dinheiro para arcar com os custos de uma casa, como aluguel, água e luz. Viver a beira do córrego, exposta a doenças, bichos, fome e frio não é uma escolha da moradora, mas a opção “menos pior”.

“Eu peço no sinal, vendo bala, aprendi a cortar copo para mudar a minha vida. Eu prefiro um lugar desse aqui, na esperança deles (prefeitura e estado) trazerem nossa casa do que voltar a me revoltar com a sociedade. Porque a sociedade não tem culpa de não nos darem atenção. Aqui não mora bicho, aqui mora ser humano, eleitor que votou neles, na esperança da nossa casa”, desabafou.

Local abriga mais de 15 pessoas, em diversos barracos

Outro morador do local, João Arlan, que disse estar lá há mais de 10 anos, afirmou que o serviço social da prefeitura não comparece do córrego há tempos “A última vez que eles vieram aqui eu morava ali em baixo, eles já encostou e vieram com a guarda municipal revirando tudo, tipo assim, um monte de cachorro, sai mexendo nas coisas da gente, chutando barraco e volta depois com a patrola patrolando tudo”, disse João.

Segundo Odislene, a única assistência frequente é o projeto ‘Consultório na Rua’, “As enfermeiras e assistentes sociais vem aqui e consulta se a gente precisa de alguma coisa, apenas”, disse. A moradora relatou que o serviço acorre praticamente todas as semanas, às terças-feiras.

No entanto, de acordo com a Secretaria Municipal de Assistência Social (SAS), as ações de abordagem e acolhimento da população são feitas ininterruptamente, sendo que durante a pandemia foi criado um serviço específico para prevenção e enfrentamento a covid-19. “No início da pandemia, em março de 2020, foi criado um Comitê no âmbito da Secretaria Municipal de Assistência Social, para Enfrentamento e Prevenção a COVID – 19 e elaborado um Plano de Ação que está sendo executado desde então e que visa construir o processo de saída das ruas de forma planejada, continuada e permanente, possibilitando acesso à rede de serviços, bem como acolhimento emergencial à população em situação de rua, migrantes, imigrantes e/ou estrangeiros de modo a evitar a aglomeração de usuários, promovendo, assim, o isolamento social.”, declarou em nota.

Além disso a Secretaria explicou que as equipes de abordagem da Política de Assistência Social fazem a oferta dos serviços a pessoas em situação de rua, que tem por opção aceitar ou não aceitar o atendimento do Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua e o Serviço Especializado em Abordagem Social.

Confira a entrevista com o Gerente da Rede de Proteção Social Especial e de Alta Complexidade/SAS, Artemio Versoza.

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