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ARTIGO: Por uma cultura de paz, pelo padre Sandro Rogério

"Também cada pessoa é convidada a se envolver e a se empenhar na construção da justiça social e da paz"

A quaresma no Brasil tem contornos de compromisso social. A melhor e mais bem avaliada forma de penitência e busca sincera de conversão é a reflexão sobre as questões sociais que nos afligem com constância, tirando de nós a paz e injetando em seu lugar o medo.

Atenta aos problemas que afligem a sociedade brasileira, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) escolheu para tema da Campanha da Fraternidade (CF) deste ano: “Fraternidade e Segurança Pública”, e o lema: “A Paz é fruto da Justiça” (Is 32, 17). Trata-se de uma temática sobremaneira importante e atual.

Cabe a todos os cidadãos e cidadãs, mas, sobretudo, às diversas lideranças da sociedade civil e religiosa estudar, aprofundar e buscar soluções concretas para problemática tão desafiadora. Não só o Estado tem o dever de garantir a segurança pública. Também cada pessoa é convidada a se envolver e a se empenhar na construção da justiça social e da paz.

Como medida imediata, procuremos conhecer e estudar o Texto-Base da Campanha. Seu “objetivo geral é suscitar o debate sobre a segurança pública e contribuir para a promoção da cultura da paz nas pessoas, na família, na comunidade e na sociedade” (TB, 4).

Costumeiramente ouvimos comentários ácidos contra as guerras esparramadas pelo mundo e patrocinadas por fundamentalismos e bairrismos, sem contar as questões históricas e a “simples” busca do poder (econômico). Faz pouco, o Oriente Médio (Faixa de Gaza) ocupou a maior parte dos noticiários das TVs, Rádios, Jornais e outros meios de comunicação com mais uma fratricida onda de violência.

Combatemos tais atitudes. Repudiamos vivamente a maldade que governa os corações. Mas, gostaria de hoje nos questionar. Será que em nossa casa, família e ambiente de trabalho, também não vivemos uma espécie de “faixa de gaza”? A força destruidora nas guerras é – nas devidas proporções – a mesma força destruidora das famílias, das amizades e que envenena as relações humanas.

A cultura de paz se fundamenta em nosso próprio coração. Pensemos nos lares cujos pais ensinaram seus filhos a serem violentos quando diziam-lhes: “filho, não vai arrumar briga na rua nem na escola… e se arrumar, não vai apanhar heim! Senão vai apanhar lá e aqui em casa também!” Pois é, talvez sem ter consciência os pais estão gestando nos filhos pequenos monstros – sujeitos violentos porque violentados.

Sejamos instrumentos de paz. Sejamos justos e misericordiosos. Assim, do coração de Jesus vem a força para vencermos os obstáculos na caminhada quaresmal e de toda a nossa vida. Caminhemos sem medo fazendo penitencia nesta quaresma com vistas ao domingo da páscoa da ressurreição do Senhor. Pois quem nele crê não morre para sempre.

Pela vida, sempre!


Padre Sandro Rogério dos Santos
Administrador da Paróquia São Miguel Arcanjo – Piquerobi
Blog
http://sandrogerio.zip.net