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Aumentam acordos para cortar jornada e salário

O total das demissões em massa (considerando cortes de pelo menos cem pessoas por empresa) também aumentou, totalizando 9.454 até o momento

Os acordos para redução de jornada e de salários multiplicaram-se em fevereiro e envolveram trabalhadores de um número maior de segmentos. Cálculo do Valor, que leva em consideração os anúncios feitos por empresas e sindicatos, revela que o número de trabalhadores que tiveram sua renda reduzida em função desses acordos, licenças ou suspensão temporária dos contratos praticamente triplicou em fevereiro, totalizando 90.163 pessoas, contra 31.553 em janeiro. Além dos setores que sofrem os efeitos do agravamento da crise internacional desde o fim de 2008, como o automobilístico, também fizeram acordos empresas dos setores agrícola, de alimentação, borracha e aviação.

O total das demissões em massa (considerando cortes de pelo menos cem pessoas por empresa) também aumentou, totalizando 9.454 até o momento, contra 6.791 em janeiro. Os cortes envolvem empresas de grande porte e que fazem parte de uma longa cadeia produtiva, como Embraer, AGCO, Dana e Nilza. Todas informaram em comunicados que, em função da queda nas vendas, também fariam ajustes em suas encomendas de insumos e componentes.

A maioria dos sindicatos consultados considera positivos os resultados de fevereiro, mesmo que os acordos tenham provocado redução na renda, garantiram a manutenção do emprego para mais de 90 mil trabalhadores. Além disso, nos setores automotivo e de autopeças, dez empresas decidiram encurtar o prazo das férias coletivas ou das licenças devido à melhora nas vendas de veículos em janeiro e fevereiro.

Sindicalistas também acreditam que a negociação têm trazido bons resultados. A John Deere anunciou a demissão de 502 funcionários em janeiro e, após discussões com o sindicato, ofereceu um programa de demissão voluntária aos 1.650 empregados da unidade de Horizontina para substituir pelo menos em parte as demissões.

Mesmo com a crise e o aumento do desemprego, categorias que têm data base em janeiro e fevereiro fecharam acordos com aumento real de salários, mas o movimento sindical não acredita que esta será uma conquista fácil nas negociações de 2009.