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CNA quer suspensão das importações de leite

Após a Argentina anunciar que não irá suspender a regra de licenças não-automáticas de importação para produtos brasileiros, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) quer que o governo Federal adote o mesmo mecanismo para a importação de leite do país vizinho, que cresceu 40% no último ano e atingiu US$ 22 milhões em janeiro último.
A CNA suspeita de irregularidade comercial no crescimento das importações de leite da Argentina e teme a inatividade dos produtores no Brasil. Segundo a entidade, em janeiro do ano passado, o saldo comercial do produto foi de US$ 25,5 milhões positivos, enquanto no último mês a balança brasileira registrou resultado negativo de US$ 8,32 milhões. “Do total dessas importações, 81,2% em valores e 82,47% do volume importado vieram da Argentina”, alerta nota da CNA.
O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, confirma que “há razão” para o temor, estimando que o volume de importação de leite saltou de 2 mil toneladas para 10 mil toneladas no período.
Para a CNA, é possível que a Argentina esteja fazendo triangulação do leite subsidiado da Comunidade Européia e repassando para o Brasil um produto com o preço falso e bastante competitivo. Conforme a entidade, a indústria de laticínios no Brasil paga à Argentina R$ 0,41 por litro, enquanto o preço médio pago ao produtor interno de leite atualmente é de R$ 0,59.
Rodrigo Alvim, presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, pondera que não há como afirmar categoricamente que a Argentina está praticando a triangulação, mas lembra que o país vizinho está com o setor agrícola “desestruturado” e enfrenta seca (que inviabiliza aumento da produção e exportação).
“Como é que um país nessa situação consegue aumentar sua produção a ponto de exportar como está ocorrendo?”, pergunta Alvim. “Nós não estamos afirmando que a Argentina está triangulando, mas nós temos o direito de desconfiar que isso está ocorrendo como aconteceu na década de 90”, lembra.
Segundo a presidente da CNA, Kátia Abreu, o fim da licença automática permitiria “que todas as importações de leite fossem verificadas pelo governo brasileiro”.