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Interrogação

Como a eleição de Trump pode afetar a sua vida aqui em Três Lagoas?

Cidade possui quatro empresas que exportam grandes volumes para os Estados Unidos

Como a eleição do bilionário Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos pode afetar a vida de empresas e de quem mora no Brasil? O governo do presidente Michel Temer afirma, desde a confirmação da vitória do democrata sobre a ex-senadora Hilary Clinton, no final da madrugada, de que não há motivo de preocupação, principalmente em questões comerciais.

O que muda para o Brasil, sob o aspecto econômico, pode ser o que vai mudar para o comércio mundial como um todo. A avaliação é do economista e professor da Fundação Getúlio Vargas, Mauro Rochlin. A leitura dos efeitos da vitória de Donald Trump, segundo ele, é bem mais abrangente sob o ponto de vista econômico e diz respeito a todo o comércio internacional.

A Fiems (Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul) disse, por meio do presidente Sérgio Longen, que espera avanços na questão de patentes. "No caso de Mato Grosso do Sul, entendemos que seja imprescindível que os avanços já obtidos comercialmente sejam mantidos e, posteriormente, ampliados”, analisou.

Longen se referiu, principalmente a negociações de commodities, incluindo a celulose – principal produto de Três Lagoas comercializado na América do Norte. Entre as fábricas de celulose da cidade, importadores norte-americanos ficam em nona posição, com negócios que passaram dos US$ 70 milhões entre janeiro e setembro. No ano, este valor deve bater em US$ 95 milhões. As compras de importadores da cidade nos EUA chegaram a US$ 50 milhões, no mesmo período, e podem se aproximar de US$ 60 milhões até dezembro. Nas duas hipóteses foram consideras as médias mensais do ano.

“Os Estados Unidos são o segundo principal parceiro comercial do Brasil.  As exportações brasileiras para lá têm alto valor agregado. São produtos manufaturados, ao contrário do que vai, por exemplo, para a China, que são commodities. Qualquer restrição com relação ao mercado norte-americano seria ruim para o nosso setor exportador, principalmente de bens manufaturados. Esse é o maior risco para a economia brasileira”, disse Mauro Rochlin.

RELAÇÕES

Sob a ótica política e da relação bilateral com o Brasil, o professor de política e administração pública Robert Gregory Michner acredita que os efeitos serão menores. Ele lembrou que a agenda de Donald Trump, em sua maioria, é “de ordem doméstica”, cumprindo a tradição da velha guarda republicana nos Estados Unidos.

“Ele não tem uma grande preocupação com a América Latina, salvo no sentido negativo, em termos de imigração ilegal. Para os brasileiros que queiram ir para os Estados Unidos, provavelmente vai ficar mais difícil obter visto”, disse. “Aquela defesa da democracia e de um governo aberto que tem Barack Obama não vai ser de muita importância para Trump. Vai ser mais importante assegurar que todos sejam aliados dos Estados Unidos. Que o Brasil e a América Latina estejam firmemente pró Estados Unidos.”

PEQUENAS MUDANÇAS

O jurista e ex-ministro das Relações Exteriores, Francisco Rezek, avaliou que o Brasil figura entre os países menos afetados com a vitória insperada de Donald Trump nas eleições presidenciais norte-americanas.

“No restante do mundo e sobretudo entre os países que mais importam, eu diria que o Brasil é provavelmente um dos menos afetados. Há outros países que têm mais com o que se preocupar do que nós", resumiu. (Com informações da Agência Brasil)