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Crise financeira deve elevar inadimplência em 2009

Depois de oferecerem crédito facilitado e com prazos longos, os bancos devem amargar maior inadimplência neste ano. Em novembro, a inadimplência ficou em 7,8% do total que deveria ser pago no mês – a maior do ano. Em novembro de 2007, era de 7,1%. O Sistema de Informações de Crédito do Banco Central mostra que 16,76 milhões de pessoas têm dívidas bancárias acima de R$ 5mil. O dado é de junho – o último disponível, anterior ao agravamento da crise. Em junho de 2007, o número de pessoas com dívidas altas era de 13,52 milhões – ou seja, o endividamento considerado elevado cresceu 19,3% em um ano.
Após a piora da crise, houve desaceleração da oferta de crédito, mas o volume emprestado pelos bancos não caiu. Ao contrário, os novos clientes que tomaram financiamento pagaram taxas de juros mais altas, usando parcela maior da renda. O economista Marcel Domingos Solimeo, da Associação Comercial de São Paulo, alerta de que outro fator que pode elevar a inadimplência em 2009 é a menor disposição dos bancos em renegociar dívidas com seus clientes. Isso porque as instituições financeiras também têm sentido os efeitos da crise e enfrentam dificuldades para colocar dinheiro em caixa.
Apesar dos riscos, o governo diz que ainda há espaço para a expansão do crédito em 2009. O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, ressalta que o grau de endividamento observado no Brasil ainda é baixo quando comparado com outros países. Ele cita, por exemplo, o baixo volume de financiamentos habitacionais existentes no país. Hoje, os empréstimos para a compra de carros superam, em valor, os destinados para a aquisição de imóveis.