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Desemprego é desespero

Ano passado, quando me perguntavam, nas palestras, como iria acabar a desastrada gestão da Presidente, eu respondia: no desemprego. É a cruel e trágica conseqüência final da política de gastar mais do que  arrecada. De gastar sem investir, apenas praticando assistencialismo que vicia e não gera resultados para quem se beneficia. Muito emprego para o partido e muito pixuleco para financiar eleição. Como dinheiro não é de geração espontânea, tem que sair do trabalho de alguém. Os contribuintes pagam, o governo gasta e todos ficamos sem serviços públicos proporcionais ao tamanho dos impostos.

Já são cerca de 3 mil demissões por dia. Muitos demitidos com mais de 50 anos, com 20 ou 30 anos de casa, que são dispensados porque têm os salários mais altos. Gente que sustenta filhos e netos. Muitos jovens que recém começaram e já experimentam a frustração de ficar sem trabalho. E outros que ficam vivendo da ilusão de seus currículos, espalhados pela internet, algum dia serem úteis para preencher alguma vaga. A economia se encolhe e encolhem-se também as folhas de pagamento. É cortar para sobreviver. O desemprego de alguns, pela manutenção de outros no trabalho.

O Natal sempre foi a oportunidade de emprego. Postos temporários na esperança de se tornarem permanentes. Vendedores se preparam para vender muito e serem aproveitados no posto eventual. Neste ano, é ilusão. Os outros dias festivos, das mães, dos pais, da crianças, foram decepcionantes em vendas e o comércio se encolhe. Quer vender, mas a baixo custo, já que espera vender pouco e não quer ter prejuízo. A  indústria, o que dizer? É a que mais sente e, como se não bastasse o aperto doméstico, ainda enfrenta a concorrência chinesa.
Pensar que tantas tragédias familiares, por causa do desemprego que já aconteceu e ainda vai acontecer mais, tenham sido causadas por uma única pessoa, a Presidente da República, muito preocupada em ser chamada de presidenta, como ordenou, do alto de sua autoridade. Uma única pessoa, incapaz de reconhecer os erros e corrigi-los. Duas atitudes aparentemente impossíveis para ela, como se fossem cláusulas pétreas. Talvez não seja teimosia, mas apenas incapacidade de perceber. Por isso muita gente desesperada já saiu às ruas pedindo que ela fique desempregada.

* É jornalista e comentarista político.