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Alerta

Estudo inédito mostra que Mato Grosso do Sul perdeu 57% de sua superfície de água

Bioma do Pantanal foi o mais atingido no levantamento que considerou os últimos 30 anos

Porto Geral de Corumbá - Foto: Rodolfo César
Porto Geral de Corumbá - Foto: Rodolfo César

Entre os anos de 1985 e 2020, Mato Grosso do Sul perdeu 57% de área com superfície de água. Essa redução é a maior do Brasil entre os demais estados e o bioma Pantanal foi o mais atingindo por essa condição. Esses dados foram divulgados nesta semana pelo Mapbiomas, projeto que monitora o uso do solo no país e que iniciou estudos históricos em 2015.

Levantamento identificou que em 1985, o Estado tinha a cobertura de água em 1,3 milhão de hectares. Em 2020, essa área foi reduzida para pouco mais de 589 mil hectares. A redução concentrou-se em toda a Bacia do Rio Paraguai, que desde o ano passado enfrenta uma de suas estiagens mais severas dos últimos 50 anos.

Com essa redução de superfície com água, os impactos acabam ocorrendo com aumento de queimadas, redução na produção de alimentos e deficiência para a produção de energia a partir dos rios. No caso do Pantanal, o fogo é um dos principais problemas que tem ocorrido na região.

Na avaliação do MapBiomas, o cenário encontrado com a pesquisa é preocupante e precisa acender alerta de autoridades. “As evidências vindas do campo já indicam que as pessoas já começaram a sentir o impacto negativo com o aumento de queimadas, impacto na produção de alimentos, e na produção de energia, e até mesmo com o racionamento de água em grandes centros urbanos”, explica o coordenador do projeto, Carlos Souza Jr, via assessoria de imprensa.

Os fatores que podem explicar essa redução de superfície de água em Mato Grosso do Sul, bem como no Brasil, são a forma de uso do solo para a pecuária e agricultura além da construção de represas em fazendas para irrigação ou alteração do fluxo dos rios para ações do homem.

 “A dinâmica de uso da terra baseada na conversão da floresta para pecuária e agricultura interfere no aumento da temperatura local e, muitas vezes, altera cabeceiras de rios e de nascentes, podendo também levar ao assoreamento de rios e lagos. A construção de represas em fazendas para irrigação, bebedouro ao longo de rios diminui o fluxo hídrico; e, em maior escala, as grandes represas para produção de energia, com extensas superfícies de água sujeitas a processos de evapotranspiração que leva a perda de água para atmosfera”, pontua o pesquisador.

Essa pesquisa é um mapeamento inédito no Brasil em termos de avaliação do volume de água. Já existe esse tipo de pesquisa ligada a queimadas.

No Brasil está 12% das reservas de água doce do mundo. O país ainda tem 53% dos recursos hídricos da América do Sul. Tal qual é o Rio Paraguai, há 83 rios fronteiriços e transfronteiriços, assim como bacias hidrográficas e aquíferos. As bacias hidrográficas transfronteiriças ocupam 60% do território brasileiro.

A Amazônica é o bioma com maior cobertura de água no Brasil, com mais de 10,6 milhões de hectares. Depois vem a Mata Atlântica, mais de 2,1 milhões de hectares. Em terceiro está os Pampas, com 1,8 milhão de hectares. O Pantanal ocupa a quinta posição, com pouco mais de 1 milhão de hectares de área média. Em quarto está o Cerrado, com 1,4 milhão de hectares.