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Ninguém mais fala da briga que o Congresso moveu contra o Supremo, mas o factóide cumpriu o objetivo: Renan afastou de si o movimento popular que se avolumava para contestar sua investidura na presidência do Senado. Ponto para Renan, que inteligentemente soube manejar a ingenuidade de jornalistas e a facilidade de conduzir o povo. Agora nos ocupamos com a exumação dos restos do ex-presidente Goulart, com o argumento de que ele possa ter sido envenenado. Seria mais fácil recorrer aos médicos que acompanharam o doutor Euríclides de Jesus Zerbini numa ida sigilosa a Argentina, para examinar o coração de Jango. O que encontraram foi algo semelhante à situação de Luiz Eduardo Magalhães: tudo irremediavelmente entupido. Não vão encontrar  veneno, como não encontraram semana passada nos restos do poeta chileno Pablo Neruda, que morreu de câncer na próstata.

Quanta energia perdida! Dinheiro e energia, como receberam os estádios mandados construir pela FIFA. Em Brasília, o governo do PT aceitou pacificamente que seja proibido chamar o estádio de seu nome de batismo, Mané Garrincha, nos jogos da multinacional FIFA. Parece um país no chão, em que qualquer um se sente encorajado a fazer o que quiser. ONGS estrangeiras e religiosas se sentem a vontade em importar cidadãos paraguaios para ocupar  reservas indígenas inventadas pela expulsão de trabalhadores brasileiros que produzem alimento. Casa de mãe-joana.

E vão distraindo o povo, que não percebe porque olhos e ouvidos se ocupam em evitar assaltos e seqüestros. O perigo vizinho está mais perceptível do que outras questões. Enquanto isso, vai pagando os impostos como deve, sem ter segurança, escolas, hospitais e estradas. Se precisar de Justiça, sabe que vai demorar, como parece que vai demorar a lenga-lenga de recursos do mensalão. Não dá tempo para mais nada. Afinal, estamos ocupados com as discussões sobre gays na Comissão de Direitos Humanos e com os novos direitos das domésticas. Na parada, de madrugada, para ir ao trabalho, o brasileiro vê o ônibus envelhecido passar lotado. Direitos Humanos é aquilo que a ditadura do politicamente correto relacionou. A realidade dos 150 homicídios diários que se dane.

Quem estudou para ser médico ou professor e está no serviço público, percebe que se enganou. Poderia ser mordomo da Presidência do Senado e ganhar 18.200 reais por mês – o que a maioria não ganha por ano. Se for garçom da presidência do Senado, com as gratificações, pode chegar a 11.600 reais. As diferenças salariais neste país são grandes, não é mesmo? Como todos são espertos, o mérito está abolido. E se algum revolucionário do bem sonhar em mudar isso, em buscar exemplos no México ou no Chile, logo virá mais um factóide, para que tudo fique como dantes. Será que eles acham graça da gente?