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Feministas vão monitorar imagem da mulher na mídia

As militantes participaram do seminário Controle Social da Imagem da Mulher na Mídia, encerrado domingo (15)

Cerca de 150 integrantes de movimentos feministas reunidas em São Paulo decidiram criar uma rede para monitoramento e controle da imagem da mulher na mídia. As militantes participaram do seminário Controle Social da Imagem da Mulher na Mídia, encerrado domingo (15). Elas concluíram que é preciso reunir evidências e cobrar do Estado mudanças sobre a forma como a população feminina brasileira é retratada pelos meio de comunicação.

“A mídia dissemina valores ideológicos que acabam transformando as mulheres em consumistas fúteis, em pessoas submissas e dependentes de seus maridos”, criticou Terezinha Vicente Ferreira, uma das participantes do seminário e também integrante da Articulação Mulher e Mídia em São Paulo.

Em entrevista à Agência Brasil, Terezinha afirmou que a maior parte do material veiculado pelos meios de comunicação não transmite as informações necessárias  e verdadeiras sobre o mundo feminino. Desta forma, acaba contribuindo com a desigualdade de gênero e de oportunidades existentes no país.

“A mulher que aparece na TV não é a mulher real. Ela segue um padrão de beleza, tem um discurso padrão. Os programas que passam à tarde ensinam a mulher a fazer crochê, artesanato e não a ser protagonista de sua vida social, econômica e política.”

Para a integrante da Liga Brasileira de Lésbicas (LBL), Lourdinha Rodrigues, o seminário sobre a imagem da mulher foi um marco para o movimento feminista e para o controle social da mídia. Segundo ela, estiveram representadas todas as classes e movimentos feministas – sindicalistas, lésbicas, camponesas, negras – com o objetivo de mudar a visão da mídia sobre o sexo feminino.

“A criação da rede de controle da imagem da mulher foi o ponto alto do encontro”, afirmou Lourdinha, explicando que todas as participantes se comprometeram a acompanhar o que é veiculado para cobrar das autoridades as mudanças necessárias.

De acordo com ela, os dados coletados pela rede devem ser apresentados pelas feministas na Conferência Nacional de Comunicação, prevista para o fim do ano, e até mesmo orientar ações quanto à política de concessões na radiodifusão, por exemplo. “As concessões são públicas. As rádios e TVs que não tratam a mulher de forma correta devem ser penalizadas.”

A Agência Brasil procurou o Ministério da Comunicações e a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) para ouvir a posição das duas instituições sobre as críticas e propostas das feministas. Ambos não haviam se pronunciado até a publicação desta matéria.