Veículos de Comunicação

CBN Campo Grande

Guarda que matou a ex e amigo durante churrasco pode ser condenado a 60 anos de prisão

Valtenir Pereira da Silva responderá por dois homicídios, um triplamente e outro duplamente qualificado, além de uma tentativa de homicídio

A Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) finalizou hoje (13) o inquérito do feminicídio de Maxelline da Silva dos Santos, de 28 anos, e do assassinato do seu amigo Steferson Batista de Souza, ambos mortos pelo guarda municipal e ex-namorado de Maxelline, Valtenir Pereira da Silva, de 35 anos. Ele será indiciado por três crimes, que podem resultar em condenação a mais de 60 anos de prisão.

Pela morte de Maxelline, Valtenir responderá por homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, recurso que dificultou a defesa da vítima e feminicídio. Já pelo assassinato de Steferson, o guarda será indiciado por homicídio duplamente qualificado, também por motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima.

Ele responderá também pela tentativa de homicídio qualificado por ter baleado a esposa de Steferson, Kamila Telis Bispo, de 31 anos. Segundo a Delegada responsável pelo caso, Sueyli Rocha, o guarde deve responder o processo em cárcere, já que representa perigo as testemunhas. Antes do crime, ele jurou os amigos da ex de morte, por acreditar que eles seriam responsáveis pelo término.

Dinâmica do crime

Após o término, Valtenir passou a perseguir a ex-namorada. A vítima estava na casa dos amigos quando o criminoso chegou e eles começaram a discutir. Para afastar a presença de Kamila, que tentava acalmar os ânimos, ele sacou a arma do crime e efetuou o primeiro disparo. Assustada, Kamila correu para dentro da casa já vítima de um disparo.

Para entender o que se passava, Steferson foi até a porta da residência, sendo baleado no momento em que olhou para o guarda. “O Steferson não teve chance nenhuma de defesa, ele foi alvejado imediatamente. Não se pode falar em legítima defesa, porque o tiro foi disparado de longe. O guarda praticou isso com raiva”, disse a delegada.

Logo após matar Steferson, o guarda desferiu um tiro na cabeça de Maxelline. “Ele atirou na cabeça dela a curta distância. Maxelline não teve chance nenhuma de defesa”, acrescenta a delegada.

Ciúmes doentio

Valtenir odiava todos os amigos de Maxelline. Ela já tinha medidas protetivas contra ele por não aceitar o fim do relacionamento. Eles ficaram juntos durante um ano, do qual moraram juntos por sete meses numa casa alugada pela vítima. “Ele era tão ciumento que quando estavam juntos, obrigava ela a mandar a localização de onde estava para confirmar. Ele era extremante possessivo e ciumento. Isso está bem configurado no inquérito policial, através de depoimento de testemunhas, familiares, amigos próximos e mensagens de texto”, ressalta a delegada.

Outra vítima

A delegada revela que durante os seis dias que permaneceu foragido, Valternir pretendia matar outra amiga de Maxelline. Ele chegou a ser avistado por testemunhas próximo da igreja que a jovem frequenta. “Fortes indícios de que ele queria matar outras pessoas. Temos uma testemunha que está com tanto medo, que nem veio depor. Ele ameaçou a todos. Estamos pensando em trazer esta testemunha, que é muito importante, de forma coercitiva”, acrescenta.

Fim do relacionamento

A possível outra vítima do guarda, era considerada por ele como pivô de toda a separação. Ela havia convidado o guarda e a ex-namorada para um curso de casais na congregação que frequenta, porém Valtenir teria se recusado a ir, o que deixou Maxelline decepcionada, levando ao término.

“Tem testemunha que mudou de casa. As pessoas envolvidas no caso, que são ligadas à Maxelline estão com muito medo dele. A polícia está prestando todo auxílio a eles. Por isso, ele deve responder pelos crimes preso”, diz a delegada. Questionada se a Deam poderia ter avisado a Guarda Municipal sobre o caso, especialmente para a retirada da arma do guarda, a delegada disse que se a vítima tivesse voltado a Deam, medidas mais drásticas teriam sido tomadas.

“Eu acredito que a gente sempre pode evoluir com novos casos. Este caso nos ensinou isso. Se a Maxelline tivesse voltado aqui para relatar as perseguições do Valtenir, teríamos tomado ações mais incisivas. Entretanto, é complicado falar que se a vítima tivesse agido de outra forma a situação teria sido diferente, porque mulheres que vivem casos de violência não se sentem seguras para denunciar”. A delegada completa ressaltando que a Deam tem um time especializado para atender mulheres vítimas de violência doméstica.