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Três Lagoas

Iniciativa privada quer investir R$ 15 bi em MS nos próximos anos, diz Verruck

As negociações da UFN3 serão retomadas do zero em 2021, mas dentro do leque de prioridades do Governo do Estado

Portos > Secretário durante visita a obras nos portos, de Porto Murtinho - Divulgação
Portos > Secretário durante visita a obras nos portos, de Porto Murtinho - Divulgação

Mato Grosso do Sul foi destaque em 2020 no quesito crescimento e investimentos. Mesmo vivendo uma crise sanitária e econômica sem precedentes, o Estado firmou o terreno e já vislumbra um horizonte mais positivo para 2021. O titular da Semagro (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), o secretário Jaime Verruck, revela em entrevista exclusiva ao Jornal do Povo, que o Estado tem R$ 15 bilhões em investimentos com capital privado previstos para os próximos anos. Confira: 

Mesmo na crise, Mato Grosso do Sul teve um ano muito bom no quesito produção e investimentos. O que podemos esperar em 2021, qual segmento deve ter destaque?

Verruck: 2020 em qualquer análise ele realmente foi um ano extremamente complexo. Nós em março e abril, quando fizemos uma avaliação da economia do Estado, ficamos extremamente preocupados com a queda de arrecadação que tínhamos. Mas, o que nós vimos na verdade foi uma mudança, uma outra lógica em termos de arrecadação. Nós terminamos o ano com aumento de arrecadação de ICMS, superior ao ano passado. Com a agropecuária e a intensa agricultura e pecuária movimentada,  nós tivemos um acréscimo à arrecadação nesses setores em função do aumento de preços. Nós tivemos aumento das nossas exportações. O mercado internacional está entre os fatores de crescimento. Fora a agropecuária, eu destaco na pecuária os três segmentos avicultura, bovinocultura e suinocultura. Nós estamos na situação de equilíbrio fiscal bastante satisfatória inclusive com a grande possibilidade no ano que vem de sair da letra C no Tesouro Nacional para a letra B possibilitando, inclusive, uma redefinição de novos investimentos para 2021. Nós temos desafios de mercado, da pandemia, ao desemprego, mas com certeza que MS sai com a sua base bastante estruturada pensando em 2021. Temos uma perspectiva de investimentos privados na ordem de R$15 bilhões para os próximos anos. O governador já estabeleceu todo um cronograma de mais de R$ 2 bilhões de investimentos públicos nos próximos anos. Nós acreditamos que Mato Grosso do Sul em 2021 caminha o seu processo envolvimento para gerar.

Ser destaque em crescimento num ano tão complicado devido a pandemia, coloca MS numa posição muito boa tanto em cenário nacional, quanto internacional. Mas todo esse crescimento foi muito respaldado por incentivos e mecanismos, muitos deles, propiciados pelo Governo do Estado. O que fez MS de diferente para enfrentar a crise?

Primeiro o governo tinha colocado as bases da reforma previdenciária e da reforma administrativa já antes da crise. Então, quando veio a crise econômica, nós já estávamos ajustados sobre o ponto de vista dos custos e isso é fundamental. A gestão da despesa do Estado ela já estava bastante ajustada em relação a perspectiva econômica e de não crescimento. E mesmo assim, nós vamos ter crescimento de 2,7% do PIB, deve ser um dos maiores do Brasil. Não foram só as decisões tomadas em março e abril, foram as decisões que foram tomadas antes que criaram a base para que a gente pudesse dar uma sustentabilidade na economia sul-mato-grossense. Em MS, preservar as atividades exportadoras, é preservar a questão do investimento. Através das políticas públicas de incentivo fiscal. Na área do agro nós revisamos todos os estímulos fiscais. Fizemos uma revisão botando na sua base a sustentabilidade exatamente pensando na questão do mercado internacional e na questão de incentivos fiscais. Nós postergamos as obrigações econômicas e sociais das empresas. Nós provocamos isso dando um fôlego para essas empresas que elas pudessem avançar na área do Fundo Nacional Centro-Oeste prorrogando as parcelas dessas empresas também para o próximo ano. Ficaram praticamente seis parcelas prorrogados para que elas tivessem capital de giro. Então, dada as bases que do já tínhamos feito, ficou firme o solo para que a gente saísse da crise, do ponto de vista de equilíbrio fiscal, mais fortalecidos e preparados para a retomada em 2021. 

Empossível falar do ano de 2020 sem falar da Rota Biocêanica, o projeto mais ambicioso de infraestrutura dos últimos anos no Estado. No próximo ano, a ponte sobre o rio Paraguai começa a ganhar forma, além da melhoria no escoamento da produção, quais as outras oportunidades trazidas pela rota?

A rota bioceânica é um tema fundamental do Estado. É importante terminar 2020 mostrando que o nosso grande sonho de fazer uma ligação rodoviária do Atlântico ao Pacífico está se tornando realidade. É importante posicionar todos. Primeiro, o governo paraguaio tem sido extremamente eficiente no asfaltamento da implantação da pavimentação da rota de Carmelo Peralta até na divisa com Argentina. Já foram 147 quilômetros inaugurados. O projeto da ponte já está definido, agora em 2021 avança a licitação da obra, com recurso de Itaipu quase U$S 75 milhões. Outro ponto, coordenado pelo ministro Tarcísio (Infraestrutura), é do acesso a ponte, que já está bastante adiantado na sua fase de execução. Agora, um dos pontos fundamentais que a gente já está trabalhando é o controle alfandegário. Olhando para o nosso principal mercado, vejo as exportações de Mato Grosso do Sul fechando o ano com 54% sendo destinadas a Ásia. Mas a a gente pretende também ampliar muito o mercado interno. Só o mercado do Chile hoje, temos 17% da carne bovina, mas com a rota chegaremos fácil a 30% ou 40%.

O FCO garantiu que o desenvolvimento e a implantação de diversos empreendimentos virassem realidade. Para 2021 nós temos o que em termos de capital para investimentos?

Mato Grosso do Sul inicia o ano com R$ 1,7 bilhão já definidos para investimento nas áreas rural e empresarial. Conseguimos criar uma linha específica para o Pantanal com R$ 180 milhões para a pecuária da região para fazer uma recuperação de passagem de rebanho. A seca e os incêndios florestais castigaram muito a região. Iniciamos o ano totalmente operacionais e com recursos disponíveis e com algumas novidades na área de ciência e tecnologia. Nós estamos aí com o limite máximo de financiamento de R$ 100 milhões por tomador para realmente focar nos médios empresários. E nós temos certeza que será uma grande alavanca para o desenvolvimento do Estado. A demanda, obviamente, tem sido crescente e a gente tem procurado pela agilidade para atender o setor empresarial.

A questão ambiental também foi destaque neste ano, mas o Estado mostrou que sabe fazer a cooperação tanto com outros estados, como o Governo Federal. O que o trabalho realizado neste ano deixou de aprendizado para os próximos?

Nós tivemos um incêndio em proporções nunca vistas aqui no estado de Mato Grosso do Sul, e também no Mato Grosso, que é o Pantanal todo. E eu acho que nós mostramos a capacidade de coordenação disso. Nós conseguimos coordenar isso junto com o Governo Federal, Ministério do Meio Ambiente, com o Ibama, com a Marinha e Aeronáutica. Por ser emergência, houve uma grande coordenação, um grande esforço para que a gente pudesse fazer os combates. Muita gente diz: “ah, queimou 2 milhões de hectares”, porém o trabalho realizado protegeu cerca de 5 milhões de hectares, em função dessa ação coordenada. O resgate de animais e as novas normas criaram, obviamente, uma trilha de aprendizagem extremamente importante. Nós estamos finalizando um decreto, discutindo com todos as cidades do Estado, o manejo integrado de fogo. Usar o fogo para combater o fogo em determinados períodos do ano. Fazer o manejo integrado de áreas extremamente críticas suscetíveis com controle para que no período de seca não sejam tão afetadas. Criamos o grupo técnico de resgate de animais e o mais importante governador Reinaldo Azambuja anunciará logo no início do ano um investimento na ordem de R$ 50 milhões em equipamentos. São aeronaves e estruturas para que possamos ter condições adequada de combate ao incêndio florestal nos próximos anos. 

Quais as perspectivas para Três Lagoas em 2021?

Temos aí uma novidade forte e logo no início do ano para Três Lagoas, o projeto da Unir. Já foi concedida à área no município de Três Lagoas, já está aprovado o projeto  no Fundo Nacional desenvolvimento do Centro-Oeste. Logo no início do ano será inaugurada a nossa primeira termelétrica de biomassa aqui na empresa Eldorado, ela deve ser inaugurada em fevereiro. Em relação a UFN3, nós tivemos uma frustração da competição esse ano em função da pandemia. As empresas acabaram não fazendo o processo vinculante. Iniciaremos novamente na estaca zero em 2021. Essa é uma preocupação do governo estadual. Nós tivemos a desistência da Acron no meio do processo. Então, realmente nós precisamos comunicar aqui que não tem uma perspectiva de curto prazo, mas nós estamos trabalhando diretamente com a Petrobrás para que a gente volte agora, em janeiro, com um novo processo de licitação. As perspectivas são positivas 2021.