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Insolvência tumultua mercado de carne

?O produtor está com receio até de vender à vista, pois o pagamento é feito somente dois dias após o boi sair da fazenda?, diz o pecuarista Marcos Reinach

Depois que um dos mais sólidos grupos frigoríficos, o Independência, pediu recuperação judicial na semana passada, a desconfiança na liquidez do setor de carne se disseminou, inclusive entre os pecuaristas. “O produtor está com receio até de vender à vista, pois o pagamento é feito somente dois dias após o boi sair da fazenda”, diz o pecuarista Marcos Reinach.

O receio de que outros frigoríficos possam de uma hora para outra também anunciar recuperação de dívidas, motivou o JBS-Friboi a ir ao mercado anunciar que vai continuar crescendo e pode até contratar mais 5 mil pessoas. Para ostentar sua boa condição financeira o grupo foi na contramão do mercado e anunciou redução dos descontos no pagamento à vista pelo boi de 4% para 2%. “Se eles reduziram agora para tranquilizar o mercado, podiam ter reduzido antes e não ter descontado tanto do produtor, protesta Reinach.

E as indústrias que estão priorizando o pagamento à vista, mais preferível ao pecuarista que a modalidade a prazo, estão conseguindo ser a principal escolha do produtor. Até o Frigoestrela, que entrou em recuperação judicial em novembro passado com uma dívida próxima de R$ 200 milhões, conseguiu retomar abates em três plantas entre janeiro e fevereiro e embarcou, ao final de fevereiro, 25 contêineres ao Oriente Médio, segundo o presidente do grupo, o deputado federal Etivaldo Vadão Gomes (PP-SP). Ele espera que o grupo consiga faturar até o final deste semestre R$ 70 milhões por mês, o equivalente à metade do que faturava antes de sua crise.

A saída do Independência, o quarto maior do País em capacidade de abate, também provocou queda nos preços da arroba do boi em Mato Grosso do Sul, onde o grupo tinha forte atuação, segundo Fabiano Tito Rosa, da Scot Consultoria. “O preço caiu de R$ 74 para R$ 72 em três dias.”