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Líderes falam de preconceito religioso

No primeiro semestre de 2019 houve aumento de 56% no número de denúncias de intolerância religiosa em relação a 2018

O Dia Nacional de Intolerância Religiosa foi comemorado em 21 de janeiro. A data foi instituído em 2007 pela lei número 11.635, em homenagem à Mãe Gilda, Iyalorixá que foi vítima de intolerância religiosa no fim de 1999 e também faz alusão ao Dia Mundial da Religião.

O tema foi pauta de uma série de reportagens exibida na rádio Cultura FM Paranaíba 106,3 MHz – emissora integrante do Grupo RCN de Comunicação – e o portal de notícias JPNews (www.jpnews.com.br.)

Só no primeiro semestre de 2019, houve um aumento de 56% no número de denúncias de intolerância religiosa em comparação ao mesmo período do ano anterior. A maior parte dos relatos foi feita por praticantes de crenças como a Umbanda e o Candomblé. Os casos são registrados via Disque 100, para receber denúncias de violações de direitos humanos. Entre 2015 e o primeiro semestre de 2019, foram 2.722 casos de intolerância religiosa – uma média de 50 por mês.

Os números podem ser ainda mais expressivos, já que em muitos casos as vítimas não realizam a denúncia, por medo de que a violência se repita ou de que o Estado não preste o apoio necessário.

O espírita Luciano Carlini diz que todas as religiões passam a mesma mensagem, que é o amor, porém nem todos têm vivido o que pregam. 

“Eu vejo a intolerância como ego desacerbado, pura ignorância da parte das pessoas. Tivemos há 2.000 anos Jesus Cristo crucificado e isso na frente da mãe dele. A atitude dele foi a mensagem de amor diante de toda a violência que havia sofrido. Ele disse: Senhor perdoai-vos, eles não sabem o que fazem”, contou.

Ele explica que isso mostra que mesmo com toda violência sofrida Jesus Cristo não conseguia deixar de amar as pessoas, nem mesmo aqueles que o crucificaram. “E nós nos dizemos cristãos, seguidores dos passos de Jesus”, comparou.

Padre Alessandro Assis, conta que já presenciou episódios de intolerância contra o catolicismo, principalmente com relação a Nossa Senhora. “Deus colocou diante de nós duas escolhas. O caminho da vida e da morte, assim é na vida humana e assim está nas religiões. Eu posso escolher o caminho da verdade e mentira, do respeito ou intolerância”, explicou.

Para ele, de alguma forma sempre haverá pessoas que escolhem o caminho da intolerância e até mesmo da ignorância. “Nós católicos sofremos com o preconceito religioso, pessoas que não conhecem e não descobriram a beleza do mandamento de Jesus que é ‘amar uns aos outros assim como eu os amei’, principalmente com a teologia das imagens”, afirmou.

Seni Vilela, batizado dePai Hulkinho, umbandista, destaca que em todas as religiões existem aqueles que fazem o bem e o mal e muitas vezes os satanistas são confundidos com os umbandistas e no senso comum são todos vistos como ‘macumbeiros’. 

“Muita gente cultua a parte negativa e as pessoas confundem, mas já se cria a imagem negativa. As pessoas leigas atacam, pois veem as coisas feias e destroem terreiros de umbanda e candomblé”, pontua.

Para ele, Deus é um só e universal e em qualquer templo e o preconceito vem principalmente dos que os associam ao Satanás. “As pessoas são livres para cultuar seu Deus, mas sem fazer bagunça. Estas agressões vêm principalmente dos leigos no assunto, de pessoas que não estudam a religião.”