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Viagem De Sabores

O adeus ao mestre-pimenteiro Zé Lima

Lima trabalhou por mais de 30 anos como garçon e “sommellier” de pimentas no restaurante Tordesilhas

Zé Lima Lima trabalhou por mais de 30 anos como garçon e “sommellier” de pimentas no restaurante Tordesilhas - Foto: DIvulgação
Zé Lima Lima trabalhou por mais de 30 anos como garçon e “sommellier” de pimentas no restaurante Tordesilhas - Foto: DIvulgação

Anteontem, 13 de julho, na cidade de São Paulo faleceu em decorrência do Covid, Zé Lima, o mestre-pimenteiro mais aclamado do país. Zé Lima trabalhou por mais de 30 anos como garçon e “sommellier” de pimentas no restaurante Tordesilhas que fica nos Jardins na capital paulista. Nordestino da cidade de Belo Jardim no agreste de Pernambuco, Zé surpreendia sempre seus clientes com as saborosas conservas de pimentas que curtia, as combinações e harmonizações que sugeria. 

Suas pimentas passearam pelo mundo na bagagem de viajantes que levaram do restaurante Tordesilhas uma recordação picante ou nem tanto. Porque o barato do Zé não era entrar nesta disputa de qual pimenta é mais ardida, mas sim explorar a característica de cada uma, extrair e revelar os aromas e sabores e agregá-los aos pratos. Para a Feijoada uma malagueta, mais pungente; para as moquecas e pratos com peixe, as pimentas de cheiro, como a bode ou as cumaris amarelas, mais aromáticas; para o Barreado uma cumari verde; para petiscos ligeiros um molhinho de fidalga com pequi ou uma bode com maracujá. O Zé tinha verdadeira paixão por este ofício.
Zé Lima ainda contribuiu com uma receita no livro “Cozinha Pantaneira — Comitiva de Sabores” de minha autoria.